IRB Re (IRBR3) salta mais de 50% e Natura (NTCO3) cai 16% — veja o que foi destaque do Ibovespa na semana
O mercado reduziu os temores de uma recessão nos Estados Unidos em uma semana marcada por dados econômicos. O Ibovespa (IBOV) sentiu a melhora do apetite ao risco no exterior e seguiu a tendência de ganhos, com direito a renovação de máxima histórica intradia.
No cenário doméstico, a reta final da temporada de balanços corporativos concentrou as atenções dos investidores. Em destaque, Americanas (AMER3) que divulgou os balanços atrasados da varejista referentes ao ano fechado de 2023 e os primeiros seis meses de 2024 e informar que vai descontinuar a divulgação dos próximos guidances.
Mais uma vez, o mercado também repercutiu dados econômicos.
Entre eles, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 1,37% em junho na comparação com maio, acima do esperado. O consenso era de alta de 0,50% no mês.
Apesar do crescimento da economia ser positivo, o dado aumentou as incertezas sobre a trajetória da inflação — que está em 4,50% no acumulado de 12 meses, no teto da meta (de 3%) para este ano.
As declarações de dirigentes do Banco Central também movimentaram a semana.
Na segunda-feira (12), o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, afirmou que a última ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) não traz um ‘guidance’ para as próximas decisões da autoridade monetária. Ele ainda acrescentou que o BC está dependente de dados e a alta dos juros está na mesa do Copom.
Já em evento na última sexta-feira (16), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, seguiu na mesma linha e disse que os dirigentes da autoridade monetária estão preparados para elevar a Selic, “caso necessário”. Ele reafirmou que a autoridade monetária segue “muito incomodada” com a desancoragem de expectativas.
O Ibovespa (IBOV) empregou oito altas consecutivas e renovou a máxima intradia ao alcançar os 134.781,44 pontos na última sexta-feira (16). O principal índice da bolsa brasileira encerrou o último pregão aos 133.953,25 pontos e acumulou alta de 2,56% na semana.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou a semana a R$ 5,46, com queda acumulada de 0,81% nas últimas cinco sessões.
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Confira a seguir as maiores altas e quedas do Ibovespa entre 12 a 16 de agosto:
Confira as maiores altas do Ibovespa na semana:
CÓDIGO | NOME | PREÇO | VARIAÇÃO SEMANAL |
IRBR3 | IRB Re ON | R$ 44,86 | 52,38% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 24,30 | 10,81% |
JBSS3 | JBS ON | R$ 36,45 | 9,43% |
WEGE3 | Weg ON | R$ 53,25 | 7,14% |
ENGI11 | Energisa units | R$ 48,80 | 7,06% |
CMIG4 | Cemig PN | R$ 11,62 | 7,00% |
BBAS3 | Banco do Brasil ON | R$ 28,37 | 6,85% |
RDOR3 | Rede D’Or ON | R$ 31,60 | 6,47% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 12,89 | 6,35% |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | R$ 36,74 | 6,31% |
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Maiores quedas do Ibovespa
Na ponta negativa do principal índice da bolsa brasileira, Natura liderou as perdas da semana — também em reação ao balanço do segundo trimestre.
A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 858,9 milhões no segundo trimestre, 17,4% maior do que o prejuízo reportado no mesmo período do ano passado. O aumento do prejuízo é explicado principalmente pelo “write-off” não-caixa não-recorrente de R$ 725 milhões.
Além disso, a empresa de cosméticos informou que a sua subsidiária Avon, que foi adquirida em 2020, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, o Chapter 11.
Entre os destaques, Localiza também ficou entre as maiores perdas após reportar o aumento do prejuízo líquido entre abril e junho. O montante negativo cresceu seis vezes em relação ao mesmo período de 2023.
Confira as quedas do principal índice da bolsa brasileira na semana:
CÓDIGO | NOME | PREÇO | VARIAÇÃO SEMANAL |
NTCO3 | Natura ON | R$ 13,83 | -16,33% |
RENT3 | Localiza ON | R$ 42,60 | -12,79% |
COGN3 | Cogna ON | R$ 1,33 | -12,50% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 7,41 | -6,79% |
PETZ3 | Petz ON | R$ 3,77 | -6,45% |
AZZA3 | Azzas 2154 S.A. | R$ 51,10 | -5,21% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 9,80 | -5,13% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | R$ 9,27 | -5,12% |
DXCO3 | Dexco ON | R$ 7,69 | -4,47% |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 28,17 | -4,44% |
Exterior
No exterior, novos indicadores dos Estados Unidos divulgados ao longo da semana afastaram o temor de uma recessão da maior economia do mundo — que abalou os mercados internacionais na semana anterior.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,2% em julho ante junho, como o previsto. Na comparação anual, o CPI subiu 2,9% e ficou levemente abaixo das expectativas de 3%. A taxa anual é a mais baixa desde março de 2021.
Embora o CPI não seja o dado de referência do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) para a inflação, o indicador é usado pelo mercado para calibrar as expectativas dos investidores sobre a trajetória dos juros da maior economia do mundo.
Além disso, as vendas no varejo norte-americano subiram 1,0% em julho, depois de uma queda revisada para baixo de 0,2% em junho. Já os pedidos de auxílio-desemprego caíram 7 mil na semana, a 227 mil — ante expectativa de 233 mil.
Com os dados melhores do que o esperado, o mercado consolidou as apostas de afrouxamento monetário nos Estados Unidos a partir de setembro.
Na última sexta-feira (16), as apostas de corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros dos Estados Unidos (Fed Funds) a faixa de 5% a 5,25% ao ano, eram as majoritárias. A probabilidade de redução dos juros em menor magnitude eram de 74,5%, de acordo com a ferramenta de monitoramento do CME Group.
Wall Street teve a melhor semana do ano. O S&P 500 avançou mais de 4% na semana — o melhor desempenho desde novembro de 2023. O Nasdaq subiu 5% e o Dow Jones teve ganho acumulado de 3% nos últimos cinco pregões.
O que esperar para a próxima semana?
No Brasil, a próxima semana deve ser decisiva para as contas públicas. O Senado Federal deve apreciar o projeto de lei que trata da desoneração da folha de pagamentos, que beneficia 17 setores da economia, na próxima terça-feira (20).
O mercado também segue na expectativa das indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Banco Central, sendo de três novos diretores e do Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, à presidência do BC a partir de janeiro de 2025.
No exterior, os investidores ficaram atentos à ata da última reunião de política monetária do Fed e às perspectivas do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, sobre a economia dos Estados Unidos no simpósio de Jackson Hole — um encontro anual de autoridades de bancos centrais, para obter mais sinais sobre a trajetória dos juros.