Política

Desmatamento zero no Brasil requer remuneração ao dono da terra, diz Geller

17 nov 2022, 17:58 - atualizado em 17 nov 2022, 17:58
Amazônia Desmatamento Meio Ambiente
“Essa é uma pauta que conversamos com o presidente Lula na formulação inclusive do plano de governo, para que a gente vá nessa linha” (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O desmatamento zero faz parte do plano do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o produtor rural que tem direito legal de desflorestar uma parcela da propriedade precisa ser remunerado se mantiver a floresta em pé naquela área, disse um dos integrantes do grupo de agricultura na equipe de transição.

Em entrevista à CNN Brasil, o ex-ministro da Agricultura Neri Geller, um dos cotados para liderar a pasta agropecuária no futuro governo, condicionou um “desmatamento zero completamente” à remuneração do agricultor que abrir mão de seu direito de desflorestar o percentual autorizado na lei, que varia dependendo da região.

“Essa é uma pauta que conversamos com o presidente Lula na formulação inclusive do plano de governo, para que a gente vá nessa linha”, disse ele.

O desmatamento zero é um tema que causa desconforto entre agricultores, especialmente em áreas de fronteiras agrícolas, já que muitos defendem o direito de utilizar a terra dentro do que a lei prevê.

Em propriedades na região amazônica, por exemplo, uma fazenda precisa ter 80% de reserva legal, com cobertura vegetal nativa, enquanto o restante pode ser utilizado pelo produtor rural.

Na Amazônia, as principais tradings e processadoras do agronegócio já não compram grãos cultivados em áreas desmatadas após julho de 2008, mesmo que o desflorestamento tenha sido legal.

Mais recentemente, as tradings globais compradoras de grãos estão sinalizando políticas ambientais mais rigorosas, pressionadas por consumidores que não querem comprar produtos ligados ao desmatamento.

O desmatamento zero é um tema que causa desconforto entre agricultores, especialmente em áreas de fronteiras agrícolas (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Geller não deu detalhes na entrevista sobre como seria feito o pagamento ao produtor que preservar a mata além da reserva legal, citando que quem tem o direito de abrir 20% da mata de uma propriedade rural, por exemplo, precisa ser pago pelos serviços ambientais prestados se decidir conservar essa parcela.

“Nós podemos e vamos avançar muito, o presidente Lula tem essa vocação de dialogar com todos os setores da sociedade, e o agronegócio… tem a vocação de ajudar na economia do país, ajudar os governos e principalmente na geração de emprego e renda”, comentou.

Geller, que enfrentou oposição de produtores da associação Aprosoja, de Mato Grosso, onde o presidente Jair Bolsonaro obteve grande parte da preferência dos eleitores, disse acreditar em uma pacificação do setor, a partir do momento em que o presidente Lula assuma o cargo.

“A grande maioria do setor, representado pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), por exemplo, entidades como Abrapa (de produtores de algodão), ABPA (de carne suína e de aves), Abiec (de carne bovina), os arrozeiros do Rio Grande do Sul… já estão começando a se aproximar, a sentar na mesa para discutir políticas públicas para ajudar o setor”, disse ele.

“Isso vai ser pacificado muito rapidamente… a partir do momento em que o presidente Lula começar a governar, com certeza vai ser pacificado e vai se ter muitos avanços”.

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