Desmatamento zero e desenvolvimento sustentável na Amazônia são possíveis, diz Ipam
O melhor uso das terras da Amazônia a partir de quatro estratégias coordenadas pode levar à coexistência de desmatamento zero e desenvolvimento sustentável na região, apontou nesta quarta-feira estudo elaborado pelo Instituto Ambiental de Pesquisa da Amazônia (Ipam).
A pesquisa, desenvolvida ao lado de membros do norte-americano Woods Hole Research Center, sugere ações em terras públicas submissas à grilagem, áreas privadas com forte concentração de vegetação nativa, propriedades de médio e grande porte e áreas de produção familiar.
O estudo propõe a eliminação da grilagem pela ação de governos federal e estaduais, sugerindo também que se evite o desmatamento legal de 28 milhões de hectares de mata nativa presentes em propriedades privadas, através especialmente de pagamentos por serviços ambientais (PSA), item do Código Florestal ainda não regulamentado.
O PSA trata-se de um método de incentivo à preservação que remunera direta ou indiretamente quem realiza tais serviços. Segundo o estudo, seu uso geraria rendimentos extras aos produtores e livraria as cadeias de commodities do desmatamento.
Além disso, Ipam e Woods Hole Research Center também sugerem o incentivo ao aumento da produtividade em propriedades médias e grandes, a partir de investimentos e créditos direcionados, e a promoção de melhorias econômicas e sociais à produção familiar via assistência técnica rural.
“As estratégias são interdependentes: temos de destinar áreas não designadas ao mesmo tempo que nos esforçamos para reduzir o desmatamento nas propriedades, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de vida”, disse em nota Marcelo Stabile, pesquisador do Ipam.
“(Isso) pressupõe promover investimentos inteligentes no campo, manter e fortalecer as políticas ambientais existentes no país e acabar com o desmatamento ilegal, como exigido no Acordo de Paris“, acrescentou o diretor-executivo do Ipam, André Guimarães.
Segundo o instituto, os assentamentos somam 77 milhões de hectares na Amazônia, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas.