Desistir de Angra 3 pode trazer economia de R$ 12,5 bilhões, diz pesquisa
O Instituto Escolhas comparou os custos e benefícios entre ter a Usina Termelétrica Angra 3 finalizada e não prosseguir com a obra e concluiu que não finalizá-la e substituir a produção de energia nuclear pela solar economizaria R$ 12,5 bilhões ao longo de 35 anos. A avaliação foi realizada após o anúncio do ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, de que tornaria prioridade a conclusão da usina, paralisada desde 2015.
Sergio Leitão, diretor executivo do instituto, comparou a Angra 3 a uma “sangria aos cofres públicos que precisa ser estancada”: “Em tempos de ajuste fiscal e da presença de novas opções para o país suprir suas necessidades de energia, a conclusão da usina não se justifica”, afirma o diretor.
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A metodologia empregada na pesquisa considerou o custo total da geração de energia no Brasil por meio da avaliação de cinco componentes: custos de investimento e operação; serviços prestados pela fonte além da produção de energia propriamente dita; custos de infraestrutura causados ou evitados pelo gerador; subsídios e isenções; e custos ambientais, como emissão de gases de efeito estufa.
Em 2015, R$ 6,6 bilhões já haviam sido investidos, com um andamento de 67% das obras. Atualmente, os sistemas de proteção estão prontos, havendo somente os custos mensais para preservar os componentes e os materiais.
Para abandonar o projeto, seria preciso pagar multas por rescisões contratuais, liquidação antecipada do financiamento, custos com desmobilização da equipe, rescisão de contratos nacionais, rescisão de contratos com a fornecedora de equipamento (Areva), compensações socioambientais e reservas de contingências. De acordo com a Eletrobras Eletronuclear, os custos totalizam R$ 11,9 bilhões.
O investimento para a finalização da obra, de acordo com o Ministério de Minas e Energia, somará R$ 15,5 bilhões, R$ 3,6 bilhões a mais que descontinuá-la.
“Uma primeira análise fria dos números pode simular que a melhor decisão seria continuar a construção”, explica Leitão. “Entretanto, como demonstra nossa metodologia, é preciso avaliar a atratividade desta usina em comparação a outras alternativas de expansão, e não apenas com a opção de abandoná-la”.
O diretor ressalta: “Esta análise é conservadora sobre o ponto de vista tecnológico, pois não considera a possível redução nos custos de investimento da energia solar após os 20 anos de operação, uma vez que foi considerado o mesmo custo de energia solar ao longo de todo o período analisado”.
A substituição da energia nuclear pela solar teria, segundo o instituto os mesmos atributos de Angra 3: energia “na base”, não emissão de CO2 e mesma localização. A diferença seria a fonte solar, que aumenta os custos de uma reserva operativa e de potência.