Desigualdade de gênero desafia combate à Aids, diz Fundo Global
O próximo obstáculo a ser superado para reduzir drasticamente a propagação do HIV é a desigualdade de gênero, disse o responsável de um fundo que espera captar US$ 14 bilhões para combater as doenças infecciosas mais mortais do mundo.
Uma proporção crescente dos recursos disponíveis para combater infecções por HIV deve ser investida na prevenção, e não no tratamento e testes, disse Peter Sands, diretor executivo do Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária.
Cerca de 1.000 mulheres jovens, principalmente no leste e sul da África, são infectadas com o vírus todos os dias, afirmou.
“A violência sexual, as desvantagens da educação e a desigualdade econômica” tornam mulheres jovens mais suscetíveis de serem contaminadas, disse Sands em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial sobre África, na Cidade do Cabo.
O Fundo Global, que recebe doações dos países mais ricos do mundo, financia programas de ajuda financeira para que meninas permaneçam na escola. O fundo também aumentou o investimento no fortalecimento dos sistemas de saúde.
Acesso à assistência médica
Embora a taxa de infecção global tenha diminuído pela metade na última década, o número de jovens afetadas é preocupante, disse Sands. Também existem altas incidências de infecção em grupos que enfrentam discriminação no acesso aos serviços de saúde, como gays, transgêneros e refugiados.
O Fundo Global, criado em 2002 por iniciativa do Prêmio Nobel da Paz Kofi Annan, quer eliminar a Aids, malária e tuberculose até 2030. Cerca de dois terços dos programas nacionais financiados pelo fundo estão na África Subsaariana.
O fundo normalmente capta e investe os recursos em ciclos de três anos e tem como objetivo levantar US$ 14 bilhões na chamada conferência de reabastecimento em 10 de outubro, cujo anfitrião será o presidente da França, Emmanuel Macron. O valor é 15% superior ao valor captado em 2016, e o fundo espera que o setor privado contribua com cerca de US$ 1 bilhão, disse Sands.