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“Desfiguração” do RenovaBio avança pela desunião do setor; Petrobras (PETR4) teria interesse

08 set 2022, 12:18 - atualizado em 08 set 2022, 12:22
Cana-de-Açucar
Produtores não recebem pelos CBios, legalmente das usinas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A crise aberta no RenovaBio, a reboque da ameaça do governo de inserir mais ativos para disputar os Créditos de Descarbonização (CBios) com os originais, o etanol e o biodiesel, vai sendo amplificada pela desunião do setor e também pode estar contando com a ingerência da Petrobras (PETR4).

Após as críticas ao novo processo de mudanças do programa nacional dos biocombustíveis, feitas pelo seu formulador, Miguel Ivan Lacerda, e publicadas com exclusividade por Money Times na quarta, o presidente da cooperativa Coaf e da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) engrossa o caldo.

Para Alexandre Lima, a tentativa de “desfiguração”, agora sob ameaça de uma Medida Provisória (MP), só avança porque o RenovaBio perdeu a blindagem de unanimidade que tinha até a provação pelo Congresso. Já havia começado com a postergação para 2023 da comprovação, pelas distribuidoras, das metas de compras dos CBios referentes a 2022.

As usinas resistem em transferir parte da renda dos CBios, comprados obrigatoriamente pelas distribuidoras, para os canavieiros, parte integrada no processo de entregar a cana dentro das exigências de cada vez menos conteúdo de insumos fósseis em seu processo produtivo. A Coaf foi a primeira a repassar 100% para seus fornecedores.

A Feplana, entidade que agrega 60 mil produtores brasileiros, da qual Lima foi presidente até recentemente, e hoje segue na vice-presidência, vem lutando para mudar esse status na Câmara dos Deputados.

“Se estivéssemos unidos e fortes como ocorreu durante as discussões sobre o RenovaBio junto ao governo federal [na presidência de Michel Temer] e ao Parlamento, certamente teríamos mais força para barrar essas ações que dão insegurança ao programa, principalmente no momento de forte crise do etanol”, explica o empresário.

Em relação à suspeita de a Petrobras estar envolvida, lembra ele que a estatal tenta também emplacar o diesel renovável – chamado de “verde” por carregar menos poluentes – como mistura ao diesel, concorrendo com o biodiesel original. Isso também é alvo de críticas da Ubrabio, que reúne das destilarias, num momento no qual a mistura (B10) está abaixo do mandato definido o ano passado.

Como há intenção do Ministério de Minas e Energia (MME) de integrar os e-combustíveis sintéticos ao RenovaBio, o produto da Petrobras, HBIO, caberia nesse novo processo de mudança.

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