Desespero: PacWest já procura por compradores e desafia diagnóstico otimista do Fed sobre bancos; ação derrete 45%
O Pacific Western Bank, ou simplesmente PacWest (PACW), agravou sinais de fragilidade, a reboque da alta de juros anunciada pelo Federal Reserve ontem.
Desde o after hours de Nova York, a ação do credor regional tomba mais de 40%, aos US$ 3. Desde que a falência do SVB começou a assombrar os bancos de médio porte dos EUA, o papel do PacWest despencou cerca de 90%.
A trilha do banco rumo como a provável quarta falência em menos de dois meses traz questões à fala inicial de Jerome Powell, presidente do BC norte-americano, na teleconferência de ontem. O dirigente defendeu o sistema bancário americano, qualificando-o como “seguro e resiliente”.
Powell também disse reconhecer que as condições de crédito estão mais apertadas, mas isso não significa que a autoridade mudará o seu curso estratégico para afagar bancos problemáticos com possíveis cortes nos juros.
A tática ‘stop and go‘ no controle dos juros, que pressupõe avanços e reduções na taxa para amortecer choques na economia, é amplamente criticada pelos formuladores da política monetária.
Os dirigentes argumentam que a tática usada na década de 1970 surtiu um efeito contrário, gerando uma hiperinflação que exigiu, enfim, uma taxa de juros acima dos 20% nos EUA. Assim sendo, para Powell o problema dos bancos precisa ser tratado através da via regulatória.
Quem é o PacWest?
O PacWest Bancorp foi fundado em 1999 e tem sede em Los Angeles, Califórnia. Conforme consta nos resultados trimestrais do quarto trimestre de 2022, a instituição possui mais de US$ 44 bilhões em ativos totais sob custódia.
Porém, assim como ocorreu para os outros bancos já falidos, uma corrida bancária implacável se abateu sobre o credor. No primeiro trimestre, a queda de depósitos foi maior que US$ 28 bilhões.
Para tentar contornar o problema, fontes dentro do PacWest disseram à rede CNBC já informaram que o banco procura opções no mercado para a sua aquisição.
A mensagem divulgada na imprensa foi o suficiente para causar a aversão generalizada, mais uma vez, entre os bancos regionais. Confira os destaques negativos da sessão:
Fundo Garantidor de Crédito dos EUA procura reforma para depósitos
Em face aos problemas enfrentados pelos bancos, o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão regulador que assegura a cobertura de depósitos em caso de falência da instituição, está buscando uma reforma para melhorar sua atuação frente à crise.
Entre as medidas sugeridas, a preferida pelo regulador é que se aprove no Congresso americano uma cobertura variada de depósitos. Assim, ao invés do teto atual de US$ 250 mil para todo depositante, os seguros em caso de falência poderiam variar de acordo com o tamanho da conta; contas corporativas, por exemplo, possuiriam um limite maior de cobertura, por representar maiores riscos sistêmicos.
Em outra alternativa, sugere-se que o FIDC ofereça cobertura ilimitada para depositantes de bancos falidos.
Vale frisar que o regulador americano – que atua como o Fundo Garantidor de Crédito do Brasil – é financiado por associações financeiras e bancos de toda parte do país. Desta sorte, um aumento do teto de cobertura exigiria uma maior contribuição do sistema financeiro, como um todo.
Para analistas do mercado americano, além de um maior custo, a elevação do teto do FIDC pode trazer um “moral hazard” na economia americana, ao permitir que as instituições relaxem o gerenciamento de risco.
Atualmente é estimado que o FIDC tenha em reserva cerca de US$ 147 bilhões. Caso a crise persista, a preocupação que paira é que o estoque não seja suficiente para cobrir a quantidade de depositantes de todos os bancos atualmente em apuros na economia.