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Desconto agressivo em leilão de transmissão de energia mostra que competitividade no setor ainda é alta

18 dez 2020, 12:39 - atualizado em 18 dez 2020, 12:39
O leilão de transmissão da Aneel contou com descontos de até 70% na receita a ser paga às empresas vencedoras (Imagem: Pixabay)

O leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizado ontem, contou com ampla participação de empresas do setor. Foram ofertados 11 empreendimentos que totalizam 1.959 km de linhas e subestações com capacidade de 6.420 megavolt-ampère (MVA).

O leilão contou com descontos de até 70% na receita a ser paga às empresas vencedoras. A Receita Anual Permitida (RAP) regulatória final foi de R$ 457,5 milhões, o que corresponde a um desconto agressivo de 55,2% em relação à RAP da proposta inicial, de R$ 1 bilhão.

Segundo a XP Investimentos, esse nível de desconto mostra como a competitividade nos leilões de transmissão ainda é alta.

“Na nossa visão, tais resultados são um reflexo tanto do atual ambiente de baixas taxas de juros (levando as empresas a aceitarem retornos menores nas linhas devido às melhores condições de financiamento) quanto da entrada de novos competidores no setor”, afirmou a corretora.

Dentre as empresas que compraram lotes, a Neoenergia (NEOE3) ficou com o lote 2 por quase R$ 2 bilhões e um deságio de 42,6%.

A empresa nova Mez Energia adquiriu cinco lotes (3, 4, 5, 8 e 9), somando R$ 2,4 bilhões. A Energisa (ENGI11) arrematou o lote 11, com deságio de 47,4%, enquanto a estatal CEEE-GT adquiriu o lote 6 oferecendo um deságio de 63,5%.

Segundo a XP Investimentos, seria melhor do ponto de vista de alocação de capital que a Transmissão Paulista distribuísse mais dividendos a acionistas do que reinvestisse seus fluxos de caixa a baixas taxas de retorno (Imagem: LinkedIn/Transmissão Paulista)

A Transmissão Paulista (TRPL4) também saiu do leilão com um lote arrematado. A companhia levou o lote 7, segundo maior do leilão (perde apenas para o lote comprado pela Neoenergia), com investimento previsto de R$ 1,1 bilhão. A Transmissão Paulista ofereceu um desconto de 57,9% em relação à RAP inicial (R$ 68 milhões ante R$ 161,7 milhões.

A XP acredita que a Transmissão Paulista pode se beneficiar de sinergias, obtendo margens maiores com a nova linha por conta da sua proximidade com os ativos da companhia que já estão em operação. Por outro lado, o cenário mais otimista dos analistas considera que não há geração de valor aos acionistas com o ativo recém-adquirido.

A corretora manteve a recomendação neutra para a Transmissão Paulista, com preço-alvo de R$ 23.

“Tendo em vista a escassez de oportunidades de retornos em leilões de transmissão e fusões e aquisições de linhas já operacionais, acreditamos que seria melhor do ponto de vista de alocação de capital que a Transmissão Paulista distribuísse mais dividendos a acionistas do que reinvestisse seus fluxos de caixa a baixas taxas de retorno”, explicou.