Desassossego na bolsa: alta de juros e crise política nos EUA preocupam investidores; confira o que pode balançar o mercado hoje
Quem investe em bolsa vem sentindo na pele um pouco do que é torcer para o Corinthians de 2020 para cá: não tem um dia de sossego. Pela boa convivência, porém, não vou compartilhar aqui minhas frustrações futebolísticas.
O fato é que, desde o primeiro pregão de agosto, os investidores tiveram poucos dias de sossego — quase todos eles em fins de semana ou feriados.
Coincidiu mais ou menos com o momento em que os investidores estrangeiros começaram a entender que os dirigentes do Fed, o banco central norte-americano, não estavam brincando ao alertar para a possibilidade de as taxas de juros permanecerem elevadas por mais tempo do que se imaginava.
A ficha vinha caindo lentamente, quase no mesmo ritmo que os mercados de ações pelo mundo. Até que essa percepção sobre os juros conduziu os rendimentos dos Treasurys aos níveis mais altos desde 2007.
Hoje pela manhã, os juros projetados dos títulos da dívida norte-americana com vencimento em 10 anos amanheceram acima dos 4,80%. Já o rendimento dos bônus com vencimento em 30 anos flertava com a faixa de 5%.
Mas não é só a bolsa brasileira. A alta dos juros nos Estados Unidos drena o dinheiro de outras praças e afasta os investidores dos ativos mais arriscados.
Além disso, a instabilidade política em Washington em nada ajuda. Na noite de ontem, Kevin McCarthy tornou-se o primeiro presidente da Câmara dos Representantes dos EUA a ser destituído do cargo. O motivo é uma rebelião da extrema direita do Partido Republicano. Para piorar, o cargo vai ficar vago por dias.
Por aqui, os investidores acompanham a votação do projeto de lei sobre a taxação de dinheiro offshore e fundos exclusivos de olho em qual vai ser o meio-termo para o JCP, que não deve acabar, mas ser alterado.
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O que você precisa saber hoje
A NATA DA B3
O encontro da fábrica de dividendos com a de bilionários: veja as ações mais recomendadas para outubro por 13 corretoras. A Vale (VALE3), conhecida pelos fartos pagamentos de proventos, e a Weg (WEGE3), responsável pela fortuna de quase um terço dos bilionários brasileiros, são as favoritas do mês.
EVITE ARMADILHAS
5 perguntas para fazer quando te oferecem um FIDC: o que você precisa saber antes de investir para evitar os ‘riscos ocultos’ do produto. Fundos de Investimento em Direitos Creditórios finalmente estão disponíveis para o público geral; saiba o que perguntar para seu assessor de investimento caso ele te ofereça um F.
YUAN-REAL
Brasil e China dizem adeus ao dólar e fazem primeira transação com liquidação em moedas locais. O gigante asiático também vem intensificando os negócios com a Rússia sem o uso do dólar. Entenda como funciona
CRIPTONITA
O ouro na encruzilhada: proximidade de ‘cruz da morte’ ameaça levar o metal precioso a cair ainda mais. Cotação do ouro encontra-se no nível mais baixo desde março, mas pode cair ainda mais se taxas das Treasuries continuarem em alta e o dólar se fortalecer.
SONHO GRANDE
Petrobras (PETR4) faz 70 anos: CEO fala em ver empresa integrada, “do poço ao posto” e analisa volta à Venezuela. O presidente da petroleira, Jean Paul Prates, falou durante a cerimônia de aniversário da companhia e deu entrevista ao programa Roda Viva.
UFA!?
Casas Bahia (BHIA3) passa em teste de fogo: credores aceitam não antecipar vencimento de CRIs, o que poderia acionar o pagamento de outras dívidas; entenda. Uma assembleia tinha sido marcada para negociar com credores, que tinham o direito de pedir uma antecipação do pagamento.
EFEITO SHEIN?
O que esperar das ações das Lojas Renner (LREN3)? Banco reduz preço-alvo, mas ainda vê potencial para o papel anular as perdas de mais de 35% em 2023; entenda. Analista projeta melhora nas vendas em meio a queda dos juros, mas fatores como a maior concorrência atrapalham a varejista.
DISPUTA SOCIETÁRIA
Fundador do GetNinjas (NINJ3) se prepara para batalha e compra mais ações antes de assembleia decisiva. Eduardo L’Hotellier passou a deter 20,14% do capital da companhia e fortalece posição para assembleia que vai definir devolução de dinheiro a acionistas.
SUBIU NO TELHADO
Mais problemas para a Oi (OIBR3): Sky desiste de comprar rede de TV por assinatura via satélite da operadora. O acordo era considerado uma das soluções para a primeira recuperação judicial da empresa de telecomunicações.
TEMA COMPLEXO
Vai dar tempo? Após Lula sancionar lei que limita juros no rotativo do cartão de crédito, bancos têm 90 dias para enviar propostas e seguem discutindo. Na falta da proposta, será aplicado um teto que limita a dívida e no qual o débito pode, no máximo, dobrar de tamanho com a aplicação de juros.
Uma boa quarta-feira para você!