Desalinhamento cambial deve diminuir após piora no 1º trimestre, diz FGV
O desalinhamento negativo da taxa de câmbio piorou em março, mas a valorização recente do real já deve diminuir esse gap, disse Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV EESP).
Em estudo disponibilizado à Reuters, o desalinhamento negativo ou seja, quão abaixo do sugerido pelos fundamentos a taxa de câmbio está foi a 23,9%, de 21,5% em fevereiro e 12,9% em janeiro.
Os cálculos são feitos tendo como base a taxa real efetiva de câmbio.
Em termos bilaterais, o ponto de equilíbrio estaria abaixo de 5 reais por dólar.
Segundo Marçal, o aumento do desalinhamento frente a uma melhora dos fundamentos no primeiro trimestre foi causado principalmente por fatores de risco relacionados tanto à pandemia quanto à situação fiscal.
Mas com algum consenso fiscal em abril e melhora da perspectiva para a conta corrente já é possível vislumbrar redução dessa diferença.
“A apreciação nominal mais forte da moeda brasileira seria puxada pela maior oferta de divisas e seu impacto no fluxo cambial”, disse o coordenador.
Na média do primeiro trimestre de 2021, o desalinhamento da taxa de câmbio ficou em 19,6%, após fechar 2020 em 22,8%.
Em 2019, quando a taxa média nominal de câmbio foi de 3,94 reais por dólar, a taxa de câmbio ficou 3% acima do sinalizado pelos fundamentos.
“Para zerar esse desalinhamento de hoje ou deixá-lo positivo teria de haver uma onda de otimismo com o Brasil. Ainda é cedo para isso, mas há uma boa chance de o real começar a reverter”, disse Marçal.