Desafios econômicos da China podem ser permanentes: Commerzbank
Uma das avaliações mais sombrias da Europa sobre a economia chinesa se baseia no pressuposto de que o crescimento do país não deve se acelerar de forma significativa e de que as disputas comerciais provavelmente vieram para ficar.
Analistas do Commerzbank, segundo maior banco da Alemanha, revisaram completamente suas perspectivas. Para eles, o programa de estímulos da China não deve mais se traduzir em uma expansão muito mais rápida.
Embora muitos analistas esperassem que a economia reagisse aos cortes de impostos e empréstimos mais abundantes, os pesquisadores argumentam que os recentes eventos sinalizam que a China pode até aceitar um ritmo mais lento de expansão propositadamente.
O governo provavelmente não vai acelerar sua atual política moderada de apoio, escreveu em nota o economista-chefe do Commerzbank, Joerg Kraemer. Medidas anteriores levaram a altos níveis de dívida corporativa, que as autoridades reconheceram como um problema.
“O governo apenas quer evitar uma redução do crescimento do PIB, nada mais”, disse.
A nova avaliação segue a medida da China no início da semana para permitir que o yuan rompesse o nível de 7 por dólar, após novas ameaças dos Estados Unidos de aumentar as tarifas sobre produtos importados. Em resposta, os EUA chamaram a China de manipuladora de moedas.
Sem nenhum sinal de uma rápida resolução do conflito, as repercussões vão longe. O crescimento econômico na Alemanha e na zona do euro será significativamente mais fraco no próximo ano do que se esperava anteriormente, segundo analistas do Commerzbank. Eles agora esperam que a região cresça apenas 0,7%, abaixo da estimativa anterior de 1,1%.
Segundo o Commerzbank, o risco político de aceitar um crescimento permanentemente menor é administrável para as autoridades chinesas, particularmente porque podem culpar o presidente dos EUA, Donald Trump.
O sentimento nacionalista no país pode fortalecer a determinação dos cidadãos de se manterem firmes contra as pressões externas, enquanto o governo continua a priorizar a demanda doméstica e a diminuir sua dependência do Ocidente.
“Com a desvalorização de sua própria moeda, a China apresentou esta semana uma nova arma na guerra comercial”, escreveu Kraemer. “A China quer ascender, e os EUA querem impedir isso. Esse conflito é difícil de resolver, e provavelmente se tornará um fenômeno permanente que poderá moldar as próximas décadas.”