Deputados querem convocar Augusto Heleno a prestar esclarecimentos sobre nota
Líderes de diversos partidos anunciaram que vão apresentar requerimento de convocação do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para que ele explique nota divulgada nesta sexta-feira (22) na qual alerta para “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional” caso o celular do presidente Jair Bolsonaro seja apreendido, conforme pedido do Supremo Tributal Federal (STF).
A líder do PCdoB da Câmara, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), avaliou que o ministro fez ameaças por meio da nota e quer que Heleno preste esclarecimentos.
Nota à Nação Brasileira. pic.twitter.com/aykS99h49K
— General Heleno (@gen_heleno) May 22, 2020
A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), afirmou que são “tristes tempos em que um ministro ameaça de golpe um país por meio de nota oficial”. Em suas redes sociais, a deputada também defende a responsabilidade histórica da classe política de contrapor esse movimento.
O líder do PT, deputado Enio Verri (PT-PR), fez um apelo aos Poderes da República para que não se calem “diante da ostensiva ameaça à democracia, produzida pelo general Heleno”.
O líder da oposição, deputado André Figueiredo (PDT-CE), afirmou que a nota mostra o pouco apreço de Heleno “pela responsabilidade em resguardar a estabilidade democrática”. “Ameaças explícitas de desdobramentos imprevisíveis vindas de um ministro precisam ser devidamente apuradas e condenadas”, publicou o deputado, em suas redes sociais.
Ex-apoiadora do governo, a líder do PSL, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), considerou a nota “uma clara ameaça do comandante do GSI”. “Quais seriam as consequências imprevisíveis, general Heleno? Vão desengavetar aquele ato institucional que dorme há meses na gaveta?”, indagou a deputada.
Representação
O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), anunciou em nota que vai representar contra o ministro Augusto Heleno na Procuradoria-Geral da República. A ação, segundo Molon, será com base na Lei de Segurança Nacional.
O líder vê com imensa preocupação que representantes do Poder Executivo estejam usando seus cargos para “ameaçar e intimidar os demais poderes da República, em especial o Poder Judiciário, sem qualquer apreço à democracia”.
“A ameaça de golpe feita pelo general Heleno é um crime contra a segurança nacional. A democracia brasileira não pode se curvar neste momento, sob o risco de cruzarmos a última barreira que distingue a nossa democracia de um regime totalitário. É preciso frear os arroubos autoritários do governo Bolsonaro”, diz a nota do parlamentar.