Política

Deputados de oposição defendem criação de CPI sobre monitoramento de mídias sociais

03 dez 2020, 15:22 - atualizado em 03 dez 2020, 15:22
Érika Kokay destacou que o contrato do governo com a empresa de monitoramento de mídias sociais é de R$ 2,7 milhões (Imagem: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

Deputados da oposição protestaram nesta quinta-feira (3), no Plenário da Câmara, contra notícias de que o governo está monitorando as atividades de deputados, jornalistas, economistas e influenciadores em mídias sociais. A liderança do governo não se pronunciou.

As deputadas Érika Kokay (PT-DF) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) anunciaram que estão colhendo assinaturas para formar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Detratores, nome como são identificados os influenciadores que se posicionam contra o governo em seus perfis públicos em mídias sociais.

Para Jandira Feghali, o fato é mais grave por envolver o gasto de dinheiro público com contratações de empresas privadas. “Não basta argumentar que são clipagens. Clipagem não se faz assim, clipagem é natural em qualquer governo, existe assessoria de imprensa para isso”, refutou.

“Certamente, é algo inconstitucional e tem que ser averiguado. Conte sempre com o meu apoio”, respondeu o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que presidia a sessão.

Érika Kokay destacou que o contrato do governo com a empresa de monitoramento de mídias sociais é de R$ 2,7 milhões. “Há que se estabelecer aqui, sim, a CPI para investigar lista de detratores, esses que estão sendo perseguidos, na mais nítida expressão do arbítrio de quem desrespeita a Constituição, tira e coloca a democracia para dançar na beira do abismo.”

Já a líder do Psol, Sâmia Bomfim (Psol-SP), afirmou que seu partido entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República para apurar as informações.

Para a deputada, o monitoramento ameaça a liberdade de expressão. “Isso é um rompimento completo das liberdades democráticas. As redes sociais são um instrumento sim para manifestar as nossas opiniões”, disse.

Segundo Sâmia Bomfim, as informações sobre o monitoramento teriam sido fornecidas para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e para o próprio presidente Jair Bolsonaro.

“São 116 parlamentares monitorados. Eu estou entre eles, assim como vários parlamentares do Psol. Mas há também vários parlamentares da base do governo.”

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