Depois dos javalis, estorninhos são candidatos a terror ‘hitchcockiano’ das lavouras
Depois dos invasores de quatro patas, agora é a vez dos invasores de penas. Ainda em plena desvantagem no controle dos javalis, os gaúchos agora estão tendo que encarar o estorninho, nome tão incomum para os brasileiros quanto seu batismo científico, Sturnus vulgaris.
O problema da invasão desta ave, que voa em bandos de centenas de milhares de indivíduos, conhecida no Hemifésrio Norte e terror da agricultura, é que pode muito bem reproduzir a mesma situação dos javalis descontrolados: ganhar o Brasil.
Agricultores americanos apanham para evitar maiores prejuízos causados por esses pássaros.
Como os javalis, que devoram lavouras, os estorninhos chegaram pelo Uruguai, e os ornitólogos e técnicos dos órgãos de extensão rural do Rio Grande do Sul, como a engenheira florestal Silvia Ziller, já os observam há alguns anos, com o agravante de que as ocorrências de novos bandos se espalham cada vez mais.
Santa Catarina é o próximo alvo.
Com mais de 21 centímeros e plumagem negra com pontos brancos, essas aves comem de tudo, de invertebrados (que atuam no controle de outros insetos nocivos à agricultura) a grãos, e competem com a fauna nativa.
Lembram até os corvos, de “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock, outra espécie comum e predatória do Norte do mundo.
O estorninho foi introduzido na Argentina e migrou para o Uruguai. E se adapta bem, sem predadores naturais.
O mesmo que ocorreu com os javalis.
Caçadores argentinos e uruguaios os introduziram, mas perderam o controle.
E, no Brasil, já estão em quase mil regiões, segundo o Ibama, e o combate à proliferação – inclusive pelo cruzamento com o porco doméstico – não tem tido resultado tanto no manejo quanto com a caça liberada.