Depois do peso, da lira e do real, é a vez da rúpia indiana; China derruba o iuan
Por Arena do Pavini – A moeda indiana foi destaque hoje entre os emergentes ao registrar forte desvalorização pelo receio do impacto dos preços do petróleo em alta sobre sua economia. “A rúpia está em seu nível mais baixo da história, se considerada a cotação nominal”, afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura. Hoje, a moeda indiana está saindo a $ 69.0925, pressionada pelo aumento do déficit de transações correntes, turbinado pela alta dos preços do petróleo. No ano, a moeda indiana já perdeu 8% de seu valor, a maior desvalorização entre as moedas da Ásia.
A taxa anual de crescimento do país é uma das maiores do mundo e impulsiona as importações de petróleo, observa Silveira. O déficit anual de transações correntes do país, que fechou 2017 em 1,97% do PIB, está crescendo e aumentou o temor dos investidores. As reservas internacionais estão caindo há oito semanas e o Banco Central da Índia elevou sua taxa básica de 6% para 6,25%.
Para Silveira, o cenário da rúpia evidencia a complexidade do momento atual, que combina diversos desafios para a avaliação do cenário prospectivo para a economia global. Na China, o índice acionário da bolsa de Xangai, já acumula queda de 15,75%. Hoje, o Banco do Povo da China deixou a moeda chinesa se desvalorizar também, em um processo iniciado recentemente, para compensar em parte as tarifas de importação dos Estados Unidos. O yuan gora está no menor nível em seis meses. Nesta semana, o BC chinês tomou medidas, como reduzir o compulsório dos bancos, para liberar cerca de US$ 100 bilhões para os mercados.
Se essa queda da bolsa e da moeda chinesa se transformar em uma aversão do setor privado em novos investimentos, a segunda maior economia do planeta pode ter uma queda mais drástica de sua atividade econômica, um hard landing, acelerando ainda mais a rota de deterioração das condições financeiras dos emergentes, com reflexos intensos sobre a atividade global, afirma Silveira. “Se levarmos em conta que além da atividade chinesa, há dezenas de outros fatores concorrendo para atuar conjuntamente ao processo de normalização da política monetária, vemos que a aversão ao risco ainda pode subir mais ao longo do ano”, alerta.
Para Silveira, a situação dos mercados emergentes ainda pode piorar bastante até o final do ciclo de aperto da política monetária dos EUA, produzindo efeitos combinados sobre os níveis de preços das ações, das moedas e da atividade real desses países.
Real tem dia de recuperação
No Brasil, hoje o dólar fechou em queda, de 0,51%, vendido a R$ 3,86 no mercado comercial. No turismo, do varejo, a moeda encerrou o dia em queda de 0,5% também, vendida a R$ 4,01.
A queda do dólar levou a uma redução das projeções de juros. Os contratos futuros de DI para janeiro de 2019, que indicam a taxa projetada para este ano, fecharam em 6,83%, abaixo dos 6,97% de ontem. Para 2020, a taxa caiu de 8,52% ontem para 8,36% hoje. E o contrato mais longo, para janeiro de 2025, recuou de 11,77% para 11,70%.
Ibovespa sobe 1,6% com bancos
Já o Índice Bovespa subiu 1,64%, para 71.766 pontos, perto da máxima do dia, de 72.092 pontos, após pesquisa eleitoral mostrar a candidata Marina Silva, do partido Rede, se aproximando de Jair Bolsonaro na preferência do eleitorado. Marina é vista como menos radical e mais maleável para aceitar levar adiante as reformas estruturais e o ajuste das contas públicas, e com mais chances de ganhar a eleição.
Os bancos, depois da forte queda de ontem, puxaram a alta de hoje, com Itaú Unibanco (SA:ITUB4) PN subindo 2,77% e Banco do Brasil (SA:BBAS3) ON, 5,75%, a maior alta do índice. Petrobras PN (SA:PETR4) subiu 0,30% e Vale ON (SA:VALE3), 1,91%.
Além do BB, lideraram as altas do índice Gol (SA:GOLL4) PN, 4,62%, Natura (SA:NATU3) ON, 4,26%, Lojas Americanas (SA:LAME4) PN, 3,31% e Equatorial (SA:EQTL3) ON, 2,74%. As maiores quedas do índice foram de JBS ON (SA:JBSS3), 2,30%, Suzano (SA:SUZB3) Papel ON, 1,84%, BRF ON (SA:BRFS3), 1,43%, Raia Drogasil (SA:RADL3) ON, 1,31%, e Ecorodovias (SA:ECOR3) ON, 0,84%.