Demissão no Planalto: Lula decide futuro de Ministro da Comunicação, acusado de uso indevido de dinheiro público

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma reunião marcada com Juscelino Filho para esclarecer as acusações de que o ministro das Comunicações usou dinheiro público indevidamente para gastos particulares e decidir o futuro dele no Planalto.

Em janeiro, o Estado de S. Paulo publicou uma denúncia de que o ministro apresentou à Justiça Eleitoral informações falsas para pagar com dinheiro público 23 supostas viagens de helicóptero.

Ele também teria utilizado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a leilões de cavalos de raça e festa temática no interior de São Paulo nos dias 28 e 29 de janeiro.

Ele também pagou diárias em hotéis com recursos públicos, mesmo sendo um compromisso particular, e é acusado de promover uma obra próxima de propriedade da sua família também com verbas públicas.

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Um dos sócios de Juscelino no Haras Luanna, onde o ministro cria cavalos da raça, também seria funcionário fantasma no Senado.

Em entrevista à BandNews FM, Lula destacou que o ministro será demitido se não conseguir provar a inocência. “Se ele não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo. Eu garanto a todo mundo a presunção de inocência”, disse.

Em seu Twitter, o ministro afirma que não houve irregularidades e que tem documentos para provar.

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Estou comprometido em esclarecer ao presidente Lula todas as denúncias infundadas feitas pela imprensa. Reitero que não houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo está devidamente documentado. Também agradeço a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade.

— Juscelino Filho (@DepJuscelino) March 4, 2023

Quem é Juscelino Filho

O deputado federal Juscelino Filho (União Brasil/Maranhão) foi um dos últimos nomes a serem anunciados ministros no novo governo petista e faz parte da chamada “cota parlamentar” de Lula.

Segundo informações de bastidores amplamente veiculadas na mídia, o nome de Juscelino passou a ser cotado após o PT vetar as indicações do deputado Pedro Paulo (PSD/Rio de Janeiro) para a pasta e do líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (Bahia), para qualquer ministério.

Natural de São Luís, capital do Maranhão, José Juscelino dos Santos Rezende Filho é médico especializado em Radiologia pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem – Ultra X, em São José do Rio Preto, em São Paulo.

Defesa do partido

A presidente do PT, Gleisi Hoffman, criticou as denúncias e pediu para o ministro ser afastado.

“Acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, declarou a Gleisi em entrevista ao portal Metrópoles.

O União Brasil não gostou e saiu em defesa do seu parlamentar. As bancadas do partido na Câmara dos Deputados e no Senado divulgaram uma nota afirmando que Gleisi utiliza “dois pesos e duas medidas” e que não faltam acusações a membros do PT.

“Quando atitudes dos seus aliados são contestadas –e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país –a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos“, diz a nota.

Saiu ou não sai?

Existe uma dúvida de quão rigoroso Lula pode ser com Juscelino. Segundo Lauro Jardim, colunista do O Globo, o ministro deve permanecer no cargo, uma vez que o presidente não quer estressar o governo e ainda gerar uma desavença com o União Brasil.

Além disso, Malu Gaspar, também do O Globo, destaca que a ministra do Turismo Daniela do Waguinho (União Brasil) também está na corda bamba. Ela é acusada de ter ligações com milicianos do Rio de Janeiro e de que seu grupo operava cargos fantasmas na prefeitura de Belford Roxo.

A diferença é que o histórico da ministra era conhecido antes mesma da sua indicação para o cargo. Já as denúncias de Juscelino foram em pleno governo Lula 3.