Demissão de funcionário chinês do Facebook causa indignação
A demissão de um programador chinês do Facebook, que acusou a gigante de redes sociais de maltratar funcionários estrangeiros, provocou uma onda de indignação contra a empresa.
O engenheiro de software Yi Yin iniciou a polêmica quando publicou no WeChat que teria sido forçado a sair por “falta de discernimento”. O engenheiro, de 37 anos, disse que recebeu um aviso por e-mail no mesmo dia em que participou de uma cerimônia no campus do Facebook, em Menlo Park, em homenagem a um colega, também chinês, que se matou ao pular do quarto andar de um prédio da empresa no mês passado.
A vigília de 26 de setembro se transformou em uma manifestação por suposta discriminação contra funcionários chineses do Facebook. Yin disse à Bloomberg News que o departamento de recursos humanos enviou o e-mail e o chamou para uma reunião no dia seguinte, durante a qual lhe disseram para parar de falar publicamente sobre a morte de outro funcionário por questões de privacidade.
Yin recebeu uma segunda e “final” advertência apenas alguns dias depois, que, segundo ele, não citava nenhuma violação das regras da empresa ou outros motivos específicos. Ele foi demitido em 7 de outubro. A porta-voz do Facebook, Pamela Austin, confirmou que Yin havia sido demitido, mas negou que sua participação na manifestação tenha sido a causa. Ela se não quis comentar os detalhes descritos por Yin. Outra representante da empresa, Charlene Chian, disse que o Facebook não comenta especificidades de questões pessoais.
O engenheiro descreveu sua experiência nas redes sociais, que foi amplamente divulgada pela mídia chinesa em um momento em que as tensões com os EUA se intensificam e muitos sentem que Washington tenta impedir a ascensão da China. Seu post no LinkedIn sobre a demissão já recebeu mais de 7 mil curtidas, com muitas ofertas de um novo emprego.
Um tópico de discussão sobre sua demissão no site chinês de perguntas e respostas Zhihu foi visto mais de 1,6 milhão de vezes depois que sua história se espalhou pelo WeChat, que tem mais de um bilhão de usuários.
“O Facebook espera que todos funcionários se tratem com respeito, principalmente ao lidar com questões delicadas”, disse Austin, do Facebook, por e-mail. “Não hesitaremos em tomar medidas para garantir que toda nossa equipe se sinta segura e confortável no trabalho.”
Um vídeo amplamente divulgado mostrou dezenas de chineses vestidos de preto em volta da famosa placa “Like” do Facebook, na 1 Hacker Way, durante o memorial do funcionário falecido no mês passado, um engenheiro de software de 38 anos. A Bloomberg não conseguiu verificar a autenticidade do vídeo e Austin não quis comentar.
Desde o suicídio, funcionários atuais e antigos do Facebook postaram comentários on-line sobre o suposto bullying de trabalhadores estrangeiros na empresa.