AgroTimes

Demanda por petróleo influi mais no preço das commodities agro apesar dos seus próprios fundamentos

25 fev 2021, 12:45 - atualizado em 25 fev 2021, 12:47
Algodão Agronegócio Commodities
Algodão é uma das commodities mais sujeitas às expectativas de consumo da população (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Desde sempre o petróleo é um dos sinalizadores do andamento da economia, mas seu poder de indicar potenciais tendências ficava mais diluído e menos evidenciado em mercados de commodities agrícolas.

Na crise sem precedentes trazida pela pandemia do coronavírus, por não ter poupado nenhum país, a demanda passou a entrar mais indiretamente, junto aos fundamentos de cada cadeia.

À exceção do açúcar, negócio no qual a balança de oferta e consumo do petróleo impacta a gasolina e influi mais diretamente nos fundamentos por conta do etanol no Brasil, e em certa medida do milho, igualmente por ser fonte de biocombustível nos Estados Unidos.

Nos últimos dias, sob aval da imunização que avança no mundo dos grandes consumidores – à exceção do Brasil – projetando menos restrições à sociedade, e de pacotes financeiros de ajuda às economia, o petróleo está presente nos preços futuros em vários ativos, depois que atingiu as máximas de 15 meses na quarta, superando os US$ 66 o barril do Brent.

“Mas especialmente por ter oferta controlada pelos países produtores da Opep e Rússia”, ressalta Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). É o caso atual.

A expectativa de retomada do consumo, na ponta dos sistemas econômicos ficando mais vigorosos, dá suporte nas altas há alguns pregões.

Em uma sessão ou outra nas bolsas de commodities de Chicago, Nova York ou Londres as variáveis específicas de cada derivativo falarão mais alto, para cima ou para baixo – ou pelos ajustes normais em mercados de risco em sintonia com o financeiro -, mas o óleo cru estará na cotação também. O próprio petróleo também é alvo de oscilações, como nesta quinta, quando que virou para negativo depois de abrir em elevação – está em torno dos US$ 65,92, em menos 0,35%, às 12h45 (Brasília).

Apesar de ponderar que, no caso da soja, por exemplo, o desequilíbrio a favor da procura vai acabar “descolando a cotação da demanda por petróleo”, inclusive anulando produção maior no Brasil nesta safra e na futura dos Estados Unidos porque os estoques são escassos, o economista da Farsul entende que a referência do fóssil está andando junto nos preços atuais.

Os mercados futuros mais sensíveis são os mais líquidos e maiores em volumes de oferta e demanda físicas, além de estarem muito diretamente associados ao consumo final, e mais expostos à especulação dos grandes fundos.

Café e algodão também são alguns desses ativos.