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Demanda por lítio cai pela metade na China, diz Goldman

23 fev 2023, 14:55 - atualizado em 23 fev 2023, 14:55
Goldman Sachs
As previsões do Goldman de aumento da oferta chegaram a provocar críticas de alguns dos especialistas mais proeminentes do setor (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid/File Photo)

O Goldman Sachs diz que a demanda da indústria automobilística chinesa por lítio caiu mais da metade nos últimos meses, em uma forte reversão que pode levar a uma nova queda dos preços do importante metal usado em baterias.

O banco de Wall Street se destacou como uma voz pessimista nos estágios finais do rali vertiginoso do lítio no ano passado.

As previsões do Goldman de aumento da oferta chegaram a provocar críticas de alguns dos especialistas mais proeminentes do setor. Agora, os preços do lítio na China já caíram mais de 30% em relação ao pico de 2022, e o Goldman reiterou seu alerta de que uma maior desvalorização ainda está por vir.

Desde dezembro, a demanda chinesa por lítio despencou com o fim de subsídios a veículos elétricos, gargalos relacionados à Covid e feriados de Ano Novo, que limitaram a atividade em todos os estágios da cadeia de suprimentos da indústria automobilística, disseram analistas do Goldman liderados por Aditi Rai em nota por e-mail.

No entanto, a produção de lítio para baterias tem se mantido firme, o que gera um descompasso crescente entre oferta e demanda e devolve o poder de precificação aos consumidores, após uma intensa corrida pela matéria-prima no ano passado.

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Embora as cotações possam ter um suporte temporário com a reabertura da economia chinesa, um novo aumento na oferta no fim do ano pressionará os preços do carbonato de lítio para US$ 34 mil a tonelada nos próximos 12 meses, segundo o banco. O valor está abaixo dos preços à vista, de US$ 61.850 a tonelada, cotados pela Asian Metal.

“Esperamos que as expansões de oferta de lítio na China sejam maiores e mais rápidas do que as expectativas de consenso”, escreveram os analistas. “Embora uma recuperação nas vendas de veículos elétricos nos 2T-3T de 2023 possa temporariamente impulsionar a confiança e segurar a queda dos preços do metal de bateria, o provável aumento da oferta e o excesso de capacidade downstream devem reduzir as cotações do lítio posteriormente no médio prazo.”

O declínio dos preços do lítio se acelerou na semana passada depois de reportagem da Reuters revelar que a CATL – maior fabricante de baterias do mundo – começou a oferecer descontos para montadoras chinesas de veículos elétricos, além de negociar com fornecedores de matérias-primas para reduzir seus próprios preços.

As ações de mineradoras de lítio e produtoras de baterias também estão em baixa, já que analistas alertam que a tendência pode desencadear uma guerra de preços no setor de armazenamento de energia.

Embora os preços ainda correspondam ao triplo da média observada em 2021, a desvalorização oferece um alívio significativo de custos para montadoras, somando-se às recentes quedas nos preços de outros metais para baterias, incluindo níquel e cobalto. Mesmo assim, ainda há muitos otimistas na indústria que alertam para mais problemas se fornecedores de lítio não cumprirem seus ambiciosos planos de produção.

bloomberg@moneytimes.com.br