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Demanda por combustível no Brasil é destaque fora da Ásia

09 dez 2020, 11:57 - atualizado em 09 dez 2020, 11:57
O consumo de combustível no país já ultrapassou os níveis pré-pandemia e deve ser mais forte do que em 2019 no próximo ano (Imagem: Pixabay)

O Brasil está entre os poucos mercados favoráveis para a demanda por petróleo fora da Ásia, já que o coronavírus continua a avançar nos Estados Unidos e na Europa.

O consumo de combustível no país já ultrapassou os níveis pré-pandemia e deve ser mais forte do que em 2019 no próximo ano, devido à sólida demanda agrícola e maior circulação de veículos.

“A recuperação da demanda por combustível foi uma grande surpresa”, disse Paula Jara, analista da consultoria Wood Mackenzie. “Quando analisamos, a Petrobras é, possivelmente, um caso único no mundo porque foi capaz de aumentar a produção de combustíveis rapidamente”, disse por telefone da Cidade do México.

As refinarias da Petrobras processaram 1,85 milhão de barris por dia de petróleo em outubro, aumento de 17% na comparação anual, antecipando a demanda mais forte por diesel com a safra recorde e maior uso de gasolina no verão. A Petrobras também tem se beneficiado do aumento da demanda por óleo combustível com baixo teor de enxofre produzido pela estatal.

O aumento do consumo de petróleo no Brasil é bem-vindo no mercado global, que teve de adiar as expectativas de quando a demanda por energia poderia voltar aos níveis anteriores ao coronavírus.

No estado de São Paulo, os quilômetros percorridos por carros de passeio estão acima dos níveis anteriores à Covid desde o final de agosto, segundo dados do aplicativo Waze.

Os brasileiros têm percorrido distâncias semelhantes ou acima dos níveis anteriores ao vírus, mas isso não se traduziu em mais engarrafamentos, pois a pandemia mudou os hábitos dos motoristas, diz Douglas Tokuno, head de parcerias e Waze Carpool para a América Latina.

“Embora as viagens ao trabalho ou à faculdade tenham diminuído, aumentaram as viagens mais longas, acima de 150 km, e para destinos de conveniência, como supermercados, postos de gasolina e lojas”, disse Tokuno.

A safra recorde de soja e milho que o país terminou de plantar em outubro elevou o consumo de diesel para o maior nível em seis anos. A falta de chuvas atrasou o plantio que deveria ter começado em setembro.

“O plantio foi tão concentrado em outubro que minhas plantadeiras trabalhavam quase 20 horas por dia, com os faróis acesos a noite toda”, disse o produtor de soja e algodão, Paulo Sérgio Aguiar, em entrevista por telefone.

Aguiar, que também é presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), disse que ele e seus vizinhos tiveram que fazer compras extras de diesel para manter o maquinário funcionando.

A demanda por diesel não deve ser tão forte em novembro e dezembro, mas pode aumentar novamente no primeiro trimestre, quando começa a colheita de soja. É a época mais movimentada do ano nas estradas, quando uma fila de caminhões carregados com soja percorre 1.900 quilômetros para entregar as cargas aos terminais de exportação no litoral.

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