Demanda mais fraca, estoques altos e menos caixa: Entenda o drama de Suzano e Klabin
“Estamos mais cautelosos com o setor de papel & celulose”. A avaliação consta em relatório do Goldman Sachs desta sexta-feira (20), no qual os analistas Thiago Ojea e Lucas Canteras reduzem a recomendação para as ações de Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11).
Para os papeis da Suzano, a recomendação foi cortada de compra para neutro. O preço-alvo é de R$ 35 – upside (potencial de valorização) de 6% conforme o último fechamento. Antes, a estimativa era de R$ 40.
Por sua vez, as ações da Klabin tiveram indicação reduzida de neutro para venda. O preço-alvo foi cortado de R$ 17 para R$ 14. Caso se confirme a estimativa, a ação poderá cair 9,9%. Ambas as estimativas são para doze meses.
Menos Ebitda
O maior pessimismo do Goldman Sachs é justificado pelos seguintes fatores: demanda mais fraca diante das tensões entre China e EUA no comércio internacional; níveis jamais vistos de estoques, de 60% acima da média histórica; e perspectivas de deterioração do setor no longo prazo após anúncios de maior capacidade instalada da indústria como um todo.
Estoques de fibra curta estão em 61 dias contra média de 39 dias
Estoques de fibra longa em 40 dias agora, também acima da média histórica de 29 dias
Pela maior cautela, Ojea e Canteras cortaram as projeções do Ebitda (geração operacional de caixa) de 2019 a 2021 tanto para a Klabin quanto para a Suzano.
No caso da Suzano, as estimativas para este ano foram reduzidas em 23%, assim como as de 2020. Em 2021, o Ebitda da companhia teve projeção cortada em 18%. Já para a Klabin, as reduções nas expectativas foi inferior, de 10%, 17% e 7% para o triênio de 2019 a 2021 – respectivamente.
Preços inferiores
A redução nas estimativas de geração de caixa deve-se, na avaliação do Goldman Sachs, às projeções inferiores para a recuperação dos preços da celulose na China. De acordo com os analistas, a recuperação dos preços da commodity, em baixa desde 2018, é pior do que nos últimos ciclos de queda.
Os analistas calculam de cinco a seis meses para recuperação dos preços da celulose. Neste ciclo atual, ainda não se sabe se os preços atuais atingiram a mínima.
Mais pessimista
Por fim, o Goldman Sachs avalia que está relativamente mais pessimista do que o mercado em relação às projeções para o Ebitda e mostra que, nos níveis atuais, tanto as ações da Suzano quanto as da Klabin são negociadas atualmente com múltiplos EV/Ebitda (valor da empresa sobre geração operacional de caixa) inferiores à média histórica de 5 anos.