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Demanda de soja para biodiesel cresceria 51% em 2023 com retomada de programa, diz Aprobio

21 out 2022, 13:12 - atualizado em 21 out 2022, 13:12
farelo de Soja
Segundo cálculos da associação, o total de soja demandada para a produção de óleo para biodiesel sairia de 19,8 milhões de toneladas em 2022 (Imagem: REUTERS/Jorge Adorno)

A demanda de soja no Brasil para a produção de óleo para biodiesel poderia crescer 51% em 2023 ante 2022, caso o cronograma de evolução da mistura do biocombustível seja retomado, como defende o setor, disse a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) à Reuters .

Segundo cálculos da associação, o total de soja demandada para a produção de óleo para biodiesel sairia de 19,8 milhões de toneladas em 2022, quando a mistura do biocombustível foi de 10% no diesel, para cerca de 30 milhões de toneladas em 2023, na hipótese de um B15 (mistura de 15%) na maior parte do ano.

A diferença entre o que esperar de 2023 em relação a 2022 um volume adicional de 10,2 milhões de toneladas ilustra o potencial do biodiesel para mudar configurações de mercado no país, maior produtor e exportador global de soja.

A título de comparação, o Brasil deve processar, ao todo, 49 milhões de toneladas em 2022 e exportar 77 milhões de toneladas do grão.

Mas ainda não há decisão do governo de como a situação ficará em 2023. Pelo cumprimento da resolução aprovada em 2018 pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), na qual se baseia a estimativa da Aprobio, a mistura deveria subir para 14% a partir de janeiro e 15% a partir de março.

Neste ano, o governo decidiu abandonar o cronograma, definindo um B10 para todo o ano, citando preços mais altos da matéria-prima, que responde por mais de 70% da fabricação do biodiesel no país.

Uma esperada safra recorde de soja acima de 150 milhões de toneladas, com alta de mais de 20% ante o ciclo anterior afetado pela seca, poderia ajudar nos argumentos do setor para convencer o governo a retomar o cronograma da resolução.

No entanto, uma mistura maior vem sendo alvo da oposição de determinados setores, como revendedores de combustíveis e fabricantes de automóveis, que avaliam que níveis acima de 10% (B10) geram problemas para os motores.

Mas reconhecem que o ideal seria uma decisão do colegiado o mais breve possível para dar maior segurança e previsibilidade de produção (Imagem: REUTERS/Jorge Adorno/File Photo)

Representantes do setor ouvidos pela Reuters consideram que, em caso de omissão pelo CNPE, automaticamente voltaria a valer o cronograma aprovado em 2018, com mistura maior.

Mas reconhecem que o ideal seria uma decisão do colegiado o mais breve possível para dar maior segurança e previsibilidade de produção.

John Forman, geólogo e membro do CNPE desde 2021, disse à Reuters que a única reunião prevista, até o momento, é a ordinária, em dezembro, mas lembra que as reuniões extraordinárias podem ser convocadas “de acordo com as necessidades”.

“Qual é a tendência (da decisão do CNPE)? Não sei, porque não recebemos ainda os estudos feitos com base em dados da EPE, ANP etc. Com base neles é que a decisão é tomada”, disse Forman, destacando que falava da dinâmica individualmente, mas não em nome do conselho.

Na avaliação da Aprobio, a mistura maior de biodiesel traria um saldo positivo para o Brasil, uma vez que o aumento da soja destinada à exportação in natura representa uma receita menor para o país.

Segundo a entidade, considerando os encadeamentos intersetoriais, cada real adicional de produção de biodiesel promove a inclusão de outros 4,40 reais na economia brasileira.

Segundo Forman, uma decisão pelo aumento ou não da mistura não significa ser “contra ou a favor” do biodiesel.

“Temos os aspectos ambientais, em que temos alguma redução (de emissão de gases de efeito estufa), e também os preços, que, em um momento de elevação, afetam brutalmente a população. Então, é preciso equilibrar essas coisas”, disse Forman.

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