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Demanda crescente por SAF pode reduzir a dependência do Brasil por compras de soja da China?

02 jul 2024, 9:30 - atualizado em 01 jul 2024, 18:58
soja china
De acordo com professor da Universidade de Waterloo, a soja brasileira poderia reduzir o uso de combustíveis fósseis na aviação em 6% a 7% (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

No ano passado, a China respondeu por 75% (75,6 milhões de toneladas) da soja exportada pelo Brasil. Os altos volumes adquiridos sempre geram questionamentos e preocupações sobre uma possível dependência no comércio com o país asiático. Os dados são da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Vale lembrar que a commodity importada pelo país é usada, em sua maioria, na alimentação de animais como suínos, frangos e bovinos. No entanto, a oleaginosa, como o própria classificação do grão aponta, conta com outras finalidades, entre elas, a produção de biocombustíveis, como é o caso do biodiesel. O Brasil responde por 39% da produção global de soja.

E nos próximos anos, a demanda crescente pelo combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla inglês), com base nas metas globais pela descarbonização, prometem exigir uma maior produção de biocombustíveis. O setor aéreo é responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa. 

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A população ocupada na cadeia da soja e do biodiesel no Brasil foi de 2,32 milhões de pessoas, representando 10,07% do agronegócio e 2,35% do total do país, segundo o Cepea.

O que é o SAF?

O SAF pode ser produzido a partir de diferentes matérias-primas, como óleos vegetais, etanolbiomassa, biodiesel, gorduras animais, óleo de cozinha usado e resíduos agrícolas.

Entre as principais matérias-primas, o Brasil aparece bem posicionado globalmente pela sua capacidade na produção de soja (biodiesel), assim como o etanol, pela produção de cana-de-açúcar e milho.

De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), o SAF pode contribuir com cerca de 65% da redução de emissões necessária para o transporte aéreo atingir a neutralidade de CO2 em 2050. Mas para isso, será necessário um aumento na produção de combustível sustentável para o setor.

Ainda no ano passado, de acordo com o Cepea, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) agregado pela cadeia produtiva da soja alcançou R$ 636 bilhões em 2023, representando 23,2% do PIB do agro brasileiro e 5,9% do PIB total do Brasil.

SAF pode reduzir dependência do Brasil por compras de soja da China?

De acordo com o professor da Universidade de Waterloo, Jesse Van Griensven Thé, o SAF pode ser uma boa alternativa para as exportações brasileiras.

Com base no volume total produzido pelo Brasil em 2023, de 145 milhões de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país poderia produzir, em teoria, 26,2 milhões de óleo de soja, assumindo que seja possível extrair 18% de óleo da soja.

“Em termos de barris de petróleo, isto é equivalente a 183 milhões de barris. A conversão do óleo de soja para SAF tem um rendimento de 80%. Portanto, o volume de SAF disponível seria de 147 milhões de barris de SAF. Considerando que a aviação comercial global consome anualmente 2,2 bilhões de barris de petróleo (segundo a IATA), em um cenário hipotético, a soja brasileira poderia reduzir o uso de combustíveis fósseis em aproximadamente 6% a 7%”, comenta

Para Van Griensven, utilizar a soja para produção de SAF seria uma alternativa viável para o Brasil caso ocorra uma interrupção das compras de soja do Brasil pela China.

 

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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