Deflação de agosto é sentida em todas as faixas de renda, diz Ipea
Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou a sua segunda queda seguida, após cair 0,36%. Com isso, a inflação anual saiu do patamar dos dois dígitos para 8,73%.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a queda nos preços já é sentida em todas as faixas de renda. Os grupos que mais sentiram a variação foram os de renda alta e média-alta, que registraram queda de 0,51% e 0,47%, respectivamente.
As quedas de 11,6% da gasolina, de 8,7% do etanol e de 12,1% das passagens aéreas foram as que mais contribuíram para o recuo da inflação em agosto, principalmente para esses dois grupos, já que o peso desses itens na cesta de consumo é maior que nas demais faixas.
Baixa renda
As famílias de renda baixa e muito baixa foram as que menos caíram – -0,24% e -0,12%, respectivamente. Neste caso, as maiores contribuições vieram das deflações nos planos de telefonia fixa (-6,7%) e móvel (-2,7%).
Além disso, o recuo de 1,3% nas tarifas de energia elétrica também contribuiu para o alívio inflacionário, especialmente das famílias de menor renda, cujo percentual do orçamento gasto com este item é relativamente mais elevado.
Confira as deflações por renda
Renda | Agosto | Acumulado em 2022 | Acumulado 12 meses |
Muito baixa | -0,12% | 4,94% | 9,2% |
Baixa | -0,24% | 4,70% | 8,9% |
Média-baixa | -0,40% | 4,18% | 8,6% |
Média | -0,44% | 4,22% | 8,6% |
Média-alta | -0,47% | 4,11% | 8,2% |
Alta | -0,51% | 4,71% | 9,1% |
Alimentos e saúde
O grupo de alimentos, que é o que ainda mais pressiona a inflação brasileira, começou a dar sinais de desaceleração, em especial pelas quedas dos preços dos cereais (-1,6%), tubérculos (-5,9%), carnes (-0,53%) e óleos (-3,4%).
Esse pode ser apontado como um fator de descompressão inflacionária em agosto, principalmente para as famílias de menor renda.
Já a alta de preços no grupo de saúde e cuidados pessoais impediu uma redução ainda mais significativa da inflação das famílias de baixa renda, sobretudo com o impacto do reajuste de 2,7% dos itens de higiene pessoal.
Para os domicílios de renda mais elevada, a deflação só não foi maior devido à alta no grupo de despesas pessoais, puxada pelo aumento de preços dos serviços pessoais (0,59%) e do fumo (1,2%).
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