Déficit de R$ 35 bilhões pressiona ainda mais meta de Haddad; mercado mantém pessimismo
O governo central registrou déficit primário de R$ 35,933 bilhões em julho, segundo informações do Tesouro Nacional. O resultado não agradou o mercado, já que veio pior do que o rombo de R$ 32 bilhões projetado pelos analistas.
O resultado foi o segundo pior para o mês de julho na série histórica corrigida pela inflação, iniciada em 1997. Os números só são melhores que o déficit de R$ 109,6 bilhões, registrado em julho de 2020, quando o gasto do governo estava impactado pela pandemia de Covid-19.
Vale lembrar que o texto do arcabouço fiscal, aprovado no Congresso e já sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, determina uma meta de zerar o déficit já em 2024 e ainda coloca como objetivo atingir um superávit de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% em 2026. A estimativa é de que para zerar o déficit são necessários em torno de R$ 130 bilhões.
Além disso, em 12 meses até julho, o saldo ficou negativo em R$ 97 bilhões, sendo que o déficit corresponde a 0,95% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que o governo já está no limite e não pode registrar mais déficits nos próximos meses se quiser cumprir a promessa do ministro Fernando Haddad de fechar o ano de 2023 com um rombo de até R$ 100 bilhões.
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A análise do mercado é que os números corroboram com a urgência de uma maior arrecadação a partir do ano que vem para atingir meta de superávit fiscal.
“A política fiscal, claramente expansionista até à data, e a relutância em controlar a despesa prejudicam gravemente a credibilidade das metas fiscais anunciadas pelo governo, incluindo o saldo primário zero para 2024. Além disso, uma âncora fiscal fraca e pouco fiável contribui para manter a inflação a médio prazo”, destaca Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para a América Latina.
Já a equipe de Macro Research da Genial Investimentos aponta que o resultado do mês de julho corrobora com a expectativa de significativa deterioração do resultado primário do governo consolidado, sobretudo a partir do segundo semestre do ano.
Déficit primário
O déficit do governo central compreende as contas do Tesouro, Banco Central e Previdência Social. Segundo os dados do Tesouro, as receitas líquidas, já descontados os repasses a Estados e municípios, tiveram uma queda real de 5,3% em julho sobre o mesmo mês do ano passado, para R$ 160,4 bilhões.
Os números levam em conta os recuos na arrecadação de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), além da queda nos ganhos com dividendos e exploração de recursos naturais.
Já as despesas totais aumentaram 31,3%, para R$ 196,3 bilhões. Neste caso, o impulso veio de uma alta nos gastos com benefícios previdenciários, abono salarial e seguro desemprego, além de repasses a governos regionais.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as contas federais registraram déficit de R$ 78,246 bilhões, ante um superávit de R$ 73,242 bilhões no mesmo período de 2022.
*Com informações da Reuters