Déficit 40% menor, inflação em desaceleração e mercado de trabalho resiliente marcam cenário econômico de março

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 24 e 30 de março, com projeções e comentário.
Déficit mensal de fevereiro deve ser cerca de 40% menor do que o registrado em 2024
A expectativa é que o Tesouro Nacional reporte um déficit primário de R$ 36,2 bilhões para o Governo, resultado que contrasta com o superávit recorde de R$ 84,9 bilhões observado em janeiro.
Caso a projeção se confirme, o saldo negativo de fevereiro será significativamente inferior ao registrado no mesmo período de 2024. Com isso, o déficit primário acumulado em 12 meses deve ficar em torno de R$ 15,4 bilhões. Apesar dos alertas sobre uma possível subestimação de despesas (como o BPC) e superestimação de receitas (como as provenientes do Carf) no orçamento aprovado pelo Congresso na última quinta-feira (20), nossas estimativas atuais ainda apontam para um leve superávit primário em 2025.
Prévia da inflação oficial deve mostrar desaceleração em março, mas recente alta nos preços dos alimentos segue no radar do mercado
Embora o IPCA-15 de março (quinta-feira, 27) deva recuar em relação a fevereiro, a atenção continuará voltada para os dados qualitativos e, principalmente, para o comportamento dos preços dos alimentos. Após uma leve desaceleração entre janeiro e fevereiro, os indicadores de alta frequência voltaram a apontar pressão sobre os preços do grupo. A dinâmica dos preços nas próximas semanas será crucial para definir a extensão do atual ciclo de alta da taxa Selic.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanhará de perto o IGP-M de março (sexta-feira, 28), que deve registrar deflação após os expressivos aumentos observados nos dois primeiros meses do ano. Os últimos resultados do IGP-DI e do IGP-10 indicam uma perda de fôlego nos preços ao produtor, ainda que concentrada em um número restrito de commodities.
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Apesar de sinais de desaceleração da atividade econômica, mercado de trabalho brasileiro deve seguir resiliente
A taxa de desocupação do trimestre encerrado em fevereiro deve subir para 6,7%, na sexta-feira (28), em um movimento típico para o período. Por outro lado, o mercado formal deve registrar a criação de 291,5 mil novos empregos, uma queda de aproximadamente 5% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Caso os dados se confirmem, devem se somar ao cenário inflacionário e reforçar o espaço para que o Copom promova um novo aumento da taxa de juros em maio.
Ata do Copom deve manter o tom do comunicado e reforçar o compromisso do Banco Central com o controle da inflação
No comunicado, o Comitê deixou claro que seu cenário base parte da premissa de um hiato do produto positivo — ou seja, a economia brasileira está operando acima de sua capacidade.
Esse diagnóstico, somado à persistência dos riscos inflacionários e à assimetria no balanço de riscos, deve sustentar a necessidade de um ou dois ajustes adicionais na taxa Selic nas reuniões de maio e junho. No nosso cenário base, a taxa básica de juros deve alcançar 15% em junho, permanecendo nesse patamar ao menos até o fim de 2025.
A ata do Copom será divulgada na terça-feira (25).
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Balança de transações correntes de fevereiro deve apresentar maior déficit (nominal) já registrado para o mês desde o início da série histórica
Os dados mais recentes indicam um agravamento do saldo negativo, impulsionado pelo aumento das importações e pelos desempenhos desfavoráveis nas contas de serviços e renda primária.
A importação de uma plataforma de petróleo contribuiu para o primeiro déficit comercial mensal, segundo a metodologia da Secex, desde janeiro de 2022.
Com isso, a projeção para o saldo em transações correntes piorou, e o déficit deve ultrapassar US$ 9,2 bilhões na quarta-feira (26). Apesar da piora nas contas externas, o fluxo de investimentos produtivos deve continuar sendo suficiente para financiar os desequilíbrios nas demais contas do balanço de pagamentos.
PIB dos Estados Unidos deve crescer 2,3% em termos anuais no quarto trimestre do último ano, reforçando a resiliência da economia
Apesar da desaceleração em relação ao trimestre anterior, quando a expansão foi de 3,1%, o nível de atividade segue robusto, sustentando a postura mais cautelosa do Fed na última decisão de juros. Para o primeiro trimestre de 2025, no entanto, as projeções do Fed de Atlanta apontam para uma retração superior a 1,5% em termos anuais.
Esse desempenho reflete o fim dos efeitos da antecipação de importações por parte das empresas, impulsionada pelo receio em relação às políticas tributárias e comerciais do governo Trump.
Por fim, em relação à inflação, o PCE de fevereiro (sexta-feira, 28) pode trazer alguma tranquilidade ao mercado caso siga o CPI e apresente uma alta menor que o esperado na inflação. O PIB dos EUA será divulgado na quinta-feira (27).