Defesa retoma operação contra garimpo ilegal em terra indígena
O Ministério da Defesa anunciou nesta sexta-feira a retomada das operações contra o garimpo ilegal e outros crimes ambientais na reserva indígena Mundukuru, no oeste do Pará, suspensas na quinta-feira depois da reclamação de garimpeiros ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
“O Ministério da Defesa (MD) informa que já foi autorizado, nesta sexta-feira, o reinício das operações nas terras indígenas Munduruku, no âmbito da Operação Verde Brasil 2.
As operações haviam sido temporariamente suspensas, por um dia, na quinta-feira, atendendo à solicitação dos indígenas, para permitir avaliação de resultados e a realização de encontro de representantes dos indígenas com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em Brasília”, diz a nota da Defesa.
A operação na localidade havia começado na quarta-feira, com a destruição de equipamentos usados por garimpeiros que exploram ouro em rios dentro da reserva no Estado do Pará.
Na quinta, foi suspensa depois de uma reunião de Salles com garimpeiros e indígenas que defendem o garimpo nas terras, durante uma visita à reserva Mundukuru.
De acordo com o Ministério da Defesa, a operação foi retomada depois de uma reunião com líderes indígenas da reserva, trazidos de avião a Brasília para discutir a situação na reserva.
Coordenador do Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o episódio, que foi criticado por organizações de apoio aos indígenas e pelo Ministério Público do Pará.
“A operação foi suspensa justamente porque os indígenas fizeram um protesto lá. Vieram aqui, conversaram com o ministro e assim que conversaram com o ministro ela foi liberada para prosseguir. Foi suspensa no dia de ontem só”, disse.
Mourão lembrou que parte dos garimpeiros que protestaram contra a operação era de indígenas e que a situação foi boa “para desmontar essa teoria daquela turma que acha que o índio tem que viver segregado na mata e não ter meio de subsistência.”
“Ele vai buscar um meio de subsistência”, afirmou. “A Constituição diz que exploração na terra indígena pode ocorrer desde que o Congresso legisle a respeito. Nós estamos há 32 anos esperando que isso ocorra, porque todos os governos mandaram projeto.
O presidente Fernando Henrique mandou um, o presidente Lula mandou dois, o presidente Bolsonaro mandou outros. Se não definir isso daí fica tapando sol com a peneira. Tem ouro, o ouro hoje está valendo 2 mil reais a onça”, acrescentou Mourão.