“DeepSeek está sendo muito bom para a Nvidia (NVDA)”, diz diretor da empresa de chips após recorde nas receitas
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Quando Márcio Aguiar, hoje diretor da divisão Enterprise da Nvidia (Nasdaq:NVDA) para América Latina, começou na empresa em 2010, as receitas somavam pouco mais de US$ 3,5 bilhões — metade desse valor, em um determinado ano posterior, veio do fato da empresa vencer uma disputa judicial contra a Intel, no valor de US$ 1,5 bilhão.
Um salto de 15 anos depois, as receitas da Nvidia superaram as expectativas do mercado no mais recente balanço, atingindo os US$ 39,33 bilhões, o que representa um crescimento de quase 80% em 12 meses.
E Márcio Aguiar, diretor da America Latina, afirma que a perspectiva é de uma demanda cada vez maior pelos poderosos chips e infraestrutura moderna da empresa.
Em entrevista ao Money Times, o executivo comentou que mesmo a chegada do DeepSeek não é uma notícia ruim para a Nvidia.
“Muita gente acha que aquilo [a chegada do DeepSeek] foi ruim para a Nvidia. Pelo contrário: está sendo muito bom, porque a DeepSeek veio ao mercado com uma nova técnica de treinamento de modelo de linguagem”, comenta Aguiar sobre a arquitetura Mixture of Experts (MoE) e o Multi-head Latent Attention (MLA), que otimizaram os recursos da startup para o lançamento do chatbot.
O próprio Itaú BBA lançou um relatório dizendo que o DeepSeek terá um impacto positivo de longo prazo para a Nvidia, apesar das preocupações iniciais dos investidores.
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O futuro da Nvidia (NVDA) é promissor?
Apesar do balanço majoritariamente positivo, as projeções (guidance) são conservadoras para o primeiro trimestre de 2025.
A Nvidia espera que a receita fique na faixa dos US$ 43 bilhões (podendo ter uma variação percentual de 2% para cima ou para baixo), menor do que as expectativas do mercado.
Isso gerou preocupações sobre uma possível desaceleração no crescimento da demanda por chips e data centers. Para Aguiar, os problemas não estão na empresa, mas sim no cenário macroeconômico.
“Nós estamos diante de várias incertezas políticas. O presidente Trump está discutindo impor tarifas a diversas nações, uma nova lei do fim da administração Biden que restringe a venda de GPUs para centenas de países, enfim, todas essas coisas inspiram cautela”, comenta, citando ainda as restrições impostas à China sobre produtos relacionados à inteligência artificial de ponta.
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No longo prazo, explica, as restrições não devem afetar as receitas da Nvidia. Isso porque outros países — inclusive o Brasil — devem absorver a demanda chinesa. “Antes, quem esperava meses para receber seus hardwares por causa do alto consumo da China, agora vai esperar bem menos”.
Mesmo assim, o executivo da Nvidia comenta que o crescimento das receitas deve continuar impulsionado pela demanda por IA e data centers.
Quando questionado se a empresa realmente traria um novo aumento expressivo nas receitas em 2025, Aguiar ri. “O chefe já chegou dizendo: ‘pode contar com mais 100% nisso aí’, e nós dissemos: ‘ok, vamos nessa’”, diz.