Decisão do BCE é contraproducente e sela fraqueza do euro, dizem economistas
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Jorge FofanoNa decisão da última quinta-feira (14), o Banco Central Europeu (BCE) realizou a décima alta consecutiva na taxa-base de juros da zona do euro.
O incremento de 0,25 ponto percentual empurrou os juros para 4%, o patamar mais restritivo desde que o bloco comum foi fundado.
De acordo com a sinalização contida no comunicado, a alta de 25 pontos-base pode ter sido a última do atual ciclo. A partir de agora, o BCE indica que manterá a taxa de juros no atual patamar por “tempo suficiente” até que a inflação retroceda à meta dos 2%.
Se, de um lado, a notícia “dovish” trouxe alívio para os ativos de risco negociados nas bolsas europeias, por outro, ela pode ter decretado o fim da última “defesa” que protegia o euro de maiores depreciações.
O euro manifesta uma trajetória de queda desde meados de julho, saindo do patamar de US$ 1,12 para próximo dos US$ 1,06 na data de ontem — alcançando a mínima dos últimos 3 meses. Agora, analistas de câmbio preveem que a moeda comum europeia poderá buscar novamente a paridade com a moeda americana.
A perda do poder de compra do euro ocorre em um contexto de piora das condições macroeconômicas na região, vista pela queda nas exportações de economias fortes, um efeito que leva em consideração a desaceleração da China e o persistente choque de energia causado pela guerra da Ucrânia.
Além disso, o avanço dos juros nos Estados Unidos, que possui uma taxa nominal 1,5 ponto percentual (p.p.) maior que o da Euorpa, desloca o interesse do mercado de câmbio em direção à compra do dólar.
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BCE recebe críticas por “sobreaperto”
Enquanto a fraqueza do euro permanece um problema para os países do bloco, a campanha dos juros conduzida pelo BCE tem levado a críticas por parte de alguns economistas.
Segundo Paul Donavan, economista-chefe do UBS Wealth Managament ouvido pelo Financial Times, a alta decidida pela entidade é um “fardo”. Ele defende que a maioria dos fatores que sustentam a inflação na zona do euro — notadamente, alimentos e energia — não são sensíveis à elevação dos juros.
“O efeito dessa alta é questionável”. Donavan salienta também que a tentativa de Lagarde, em sua coletiva, de corrigir o comunicado “dovish” sinalizando uma nova alta de juros, se necessário, se mostra ainda mais ineficiente.
Para Robin Brooks, economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças, a queda acentuada do euro após a decisão mostra que o aperto nos juros é contraproducente. “A zona do euro está sob um grande choque e o euro nunca deveria ter sido alçado acima da paridade.”