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Decisão do Banco Central sobre juros pega em cheio construtoras; veja desempenho

22 jun 2023, 13:32 - atualizado em 22 jun 2023, 17:30
Suécia, Construtoras
Construtoras sentem tom duro e ‘banho gelado’ do BC ao não sinalizar corte de juros e contrariar o mercado (Imagem: Mikael Sjoberg/Bloomberg)

A decisão de Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) pegou o mercado de surpresa e pega em cheio as ações de construtoras listadas na Bolsa brasileira, que derretem nesta quinta-feira (22).

Além de sentirem os efeitos de um BC que ainda não sinaliza se haverá ou não corte da taxa básica de juros (Selic) e quando terá, as empresas de construção civil acompanham o tombo do índice Ibovespa.

Por volta das 13h30 (de Brasília), o Ibovespa recuava 1,6%, aos 118,4 mil pontos. Enquanto a Eztec (EZTC3) liderava as perdas entre as construtoras, de 7,1%. Seguida de MRV (MRVE3), que caía 5,3%, e Direcional (DIRR3), com queda de 4,5%.

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‘Banho de água fria’ também nas construtoras

Analistas do mercado financeiro foram pegos de surpresa e sentiram um “banho gelado” com um Copom mais duro (“hawkish”) em seu comunicado, após manter a taxa Selic em 13,75% pela sétima vez.

Com isso, as construtoras também sentem, uma vez que juros altos seguem impactando o financiamento de imóveis. Sendo assim, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) lamentou a manutenção da Selic e reforçou a “importância crucial de uma redução” nos juros.

Segundo a Abrainc, os impactos negativos da Selic elevada são particularmente severos para os financiamentos imobiliários do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

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“A atual taxa inviabiliza a aquisição de imóveis para milhares de famílias, uma vez que os altos juros resultam em um aumento exorbitante de 23% nas parcelas do financiamento. Além disso, a manutenção da Selic também contribui para o aumento da inadimplência das empresas”, comentaram.

Apesar da reação negativa no pregão, o analista de real estate da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, destaca que as construtoras e incorporadoras estão diretamente ligadas à recuperação da Bolsa nos últimos três meses. Essa melhora foi justamente em linha com a expectativa de queda de juros nos próximos meses.

“O Copom foi uma questão de postura, de manutenção do seu raciocínio sobre o cenário doméstico. Mas a perspectiva ainda é positiva para as construtoras com a possível captação da queda de juros”, comenta.

Direcional lança oferta de ações

A Direcional tem uma das maiores quedas do setor e não é apenas pela decisão do Copom, que contamina o desempenho dessas companhias.

A construtora protocolou um pedido de oferta de ações (follow-on) que pode chegar a R$ 431,9 milhões. A emissão será de até 23,5 milhões de papéis ordinários. Os recursos serão utilizados para acelerar o crescimento e melhorar sua estrutura de capital.

Os analistas do JP Morgan avaliam que, pelo lado positivo, o follow-on é uma oportunidade para a Direcional acelerar o crescimento, ainda se beneficiando das recentes melhorias no programa Minha Casa, Minha Vida.

Entretanto, a empresa tem espaço para aumentar a alavancagem com sua dívida líquida sobre patrimônio líquido de apenas 21%, que cairá para menos de 5% após a oferta total. No entanto, segundo o JP Morgan, a oferta pesará negativamente em seu retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de curto prazo.

“Além disso, essa oferta levantará preocupações se outras construtoras do segmento de baixa renda também podem anunciar aumentos de capital para se beneficiar das altas recentes, criando um excesso no setor”, ponderam.

No mais, a equipe do JP Morgan acreditamos que a Direcional está aproveitando sua avaliação atual de 2,04 vezes o preço da ação ao seu valor patrimonial proporcional, sinalizando o mercado de que outras empresas de construção civil podem fazer o mesmo no curto prazo.