Decadência das exportações de boi em pé deverá se agravar em 2021
As exportações de boi em pé estão despencando ano a ano, desde 2019, e em 2021 seguem praticamente zeradas até maio. As previsões são mais baixas ainda sobre os resultados do ano anterior.
O segmento, que chegou a incomodar os frigoríficos em determinadas regiões até 2018 – afinal, os dois competiam pelos mesmos animais -, sente a inação dos compradores.
Os mercados principais de animais vivo, onde o grosso dos bovinos chega para engorda e abate, são destinos turísticos prejudicados pela pandemia e alguns estão em crise econômica há anos.
Sem maior consumo de viajantes e uma grave conjuntura econômica, caso da Turquia, maior importador – cuja moeda, a lira, derreteu -, em 2020 a receita total caiu para US$ 217,1 milhões, em valor FOB (Free on Board; custos do cliente).
Correspondeu a 329 mil cabeças, de acordo com dados trabalhados pela Aliança Paraense da Carne (APC), com base em dados do governo. O Pará é o principal exportador.
Em 2019 as exportações chegaram a US$ 457 milhões e, no ano anterior, ao recorde de US$ 621 milhões. Quase o dobro em boiada.
Todos os outros oito países importadores de animais para abate, atrás da Turquia, são árabes – com exceção da Hungria, na 9ª posição -, também sentiram a pressão dos preços do petróleo sobre suas economias.
Os turcos, que importaram 104,9 mil cabeças de gado em 2020, gerando US$ 63 milhões de receita, substituíram a Venezuela, que até o agravamento da crise desde o início do governo Maduro era o principal destino de bois e vacas brasileiros.
O boi mais caro no Brasil é outro fator adicionado no afrouxamento da demanda externa por gado vivo. A China enxugando o mercado, diante de um rebanho mais acanhado, fez o segmento ficar menos competitivo, segundo, igualmente, a Abreav, outra entidade setorial.
Nas exportações totais, frisa-se, ainda há um volume a se considerar de animais para reprodução e búfalos.