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Debêntures indexadas ao IPCA derretem 27% desde início da marcação a mercado

19 jan 2023, 11:34 - atualizado em 19 jan 2023, 14:10
Debêntures
Debêntures fora do setor de infraestrutura vão à lona no inicio do ano, escancarando efeito da Americanas (AMER3) na renda fixa (Imagem: Unsplash/ @ussamaazam)

As debêntures indexadas ao IPCA estão entre os títulos de renda fixa que mais perderam valor neste início de 2023. A mudança da leitura das aplicações para a marcação a mercado desde o dia 2 de janeiro tornou essa informação mais transparente ao investidor.

A nova regra obriga todos os bancos e corretoras a apresentarem a variação dos investimentos em títulos públicos, CRAs, CRIs e debêntures na forma de marcação a mercado ao invés da então marcação na curva.

Na prática, o investidor passa a acompanhar em tempo real o quanto as suas aplicações em renda fixa valem no mercado, caso fossem resgatadas naquele dia, antes do vencimento combinado.

Fica mais transparente ao investidor, com a marcação a mercado, que os títulos de renda fixa também oscilam de preços até o vencimento, o que pode gerar ganho ou prejuízo no meio do caminho, caso o investidor precise ou queira vender suas aplicações antecipadamente.

Debêntures indexadas ao IPCA

As debêntures permitem que o investidor empreste dinheiro diretamente para as empresas dos mais variados setores. O recebimento de juros pode ser atrelado ao CDI ou indexado ao IPCA.

Neste início de ano, o destaque negativo na renda fixa está a cargo das debêntures indexadas ao IPCA, de acordo com dados disponíveis na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No caso das debêntures atreladas ao IPCA (fora do setor de infraestrutura), a rentabilidade foi de menos 27% no acumulado do ano até o dia 17 de janeiro, segundo o índice IDA-IPCA (ex-infraestrutura) da Anbima.

Já o IDA – Geral (Índice de Debêntures da Anbima) caiu 1,5% no mesmo intervalo.

O desempenho negativo dos títulos de crédito privado atrelados à inflação na comparação com debêntures indexadas ao CDI, que caíram apenas 0,5% no período (IDA-DI), reflete ainda os meses de deflação no fim do ano passado.

Mas outro catalisador recente foi o principal responsável pela derrocada do valor de mercado das debêntures emitidas por empresas fora do setor de infraestrutura.

Escândalo da Americanas (AMER3) nas debêntures

Americanas
Americanas (AMER3) acende risco de crédito no mercado de dívidas privadas brasileiro (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O escândalo contábil da Americanas (AMER3) na ordem de R$ 20 bilhões também trouxe implicações para quem investe na renda fixa.

Assim como os sócios da empresa, que detêm ações, estão vendo suas posições derreterem, quem emprestou dinheiro para a varejista, ao possuir debêntures da Americanas, também enfrenta perdas diante do risco de calote.

O risco de contágio da Americanas no mercado de crédito privado puxou para baixo a rentabilidade das debêntures (ex-infraestrutura), que caíram 27% no acumulado do ano. Quando consideradas apenas as emissões de debêntures em infraestrutura, a remuneração no período foi de 0,8% até o dia 17 de janeiro.

Operadores e gestores afirmam que o mercado secundário de títulos já reflete condições piores da dívida da Americanas (debêntures). Segundo eles, houve um salto nas taxas cobradas, derrubando o valor de face do papel pela metade.

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