Debate sobre necessidade de vacinar crianças intriga cientistas
Crianças têm sido menos afetadas que adultos na pandemia do coronavírus, fato que torna o desenvolvimento de vacinas para os mais jovens particularmente atípico para a ciência médica.
Historicamente, vacinas pediátricas têm se concentrado em doenças infantis fatais, mas a pandemia trouxe um novo fator.
Embora o coronavírus tenha sido mortal entre adultos mais velhos, os casos são mais leves entre os mais jovens, com número de mortes relativamente mínimo.
Isso gerou um debate entre cientistas sobre a necessidade de que crianças sejam imunizadas. Alguns dizem que imunizar crianças é menos urgente, visto que os casos de Covid nesse grupo tendem a ser muito menos graves. No mundo todo, a distribuição de vacinas tem priorizado idosos e outras pessoas em risco por questões de saúde ou ocupação.
“As vacinas para poliomielite, difteria e meningite foram todas voltadas para eliminar as doenças mais perigosas em crianças”, disse Michael Hefferon, professor assistente do departamento de pediatria da Queen’s University em Ontário. “Agora temos quase o oposto. É uma doença de adultos e, quanto mais você envelhece, mais sinistro se torna. Portanto, as crianças são menos relevantes.”
Quase 3,2 milhões de crianças testaram positivo para Covid-19 em 49 estados dos EUA que relatam casos por idade, de acordo com relatório de 4 de março da Academia Americana de Pediatria.
Mas enquanto mais de meio milhão de mortes relacionadas à Covid foram registradas nos Estados Unidos, cerca de 250 crianças morreram nos 43 estados que rastreiam a mortalidade por idade.
O presidente dos EUA, Joe Biden, pressiona pelo retorno de todas as classes do jardim de infância até a 8ª série, e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA dizem que mesmo professores não precisam ser vacinados se certas regras forem seguidas.
Um estudo publicado na revista Pediatrics neste mês revelou que apenas 0,4% das 234.132 pessoas testadas nas escolas da cidade de Nova York de outubro a dezembro deram positivo.
A questão não deveria ser apenas: você pode imunizar crianças com segurança e eficácia, mas também “por que você está fazendo isso”, disse Hefferon, segundo o qual alguns reguladores podem questionar a necessidade do uso emergencial. “Se você presumir que a vovó e o vovô vão ser vacinados em massa de acordo com os planos atuais, por que vacinar crianças? É uma espécie de dilema moral a ser considerado.”