Debate na TV mostra que é diferente de sabatina no JN

Apesar de os mercados globais ainda ecoarem a fala agressiva (“hawkish”) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira (26), o primeiro debate na TV entre os candidatos à Presidência da República está no foco dos negócios no Ibovespa e com o dólar nesta segunda-feira (29).

Porém, quem esperava alguma definição na disputa entre os dois mais bem colocados nas pesquisas eleitorais, acabou se decepcionando. Afinal, quem brilhou foi Simone Tebet (MDB).

Com isso, o risco é tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula colherem resultados ruins após as aparições, frustrando as expectativas de bons frutos após suas respectivas sabatinas no Jornal Nacional.

“Lula e Bolsonaro devem estar arrependidos de ter ido ao debate”, avalia o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. Segundo ele, essa avaliação leva em conta a audiência do debate no domingo na tela da Band, que não chegou nem à metade das participações na bancada do JN da TV Globo.

“Em outras palavras, é melhor ambos deixarem os danos de imagem circunscritos a uma audiência menor do que se expor a novas experiências infrutíferas em maior escala”, afirma Sanchez.

Perde-perde

Ainda assim, Lula acabou sendo um dos mais prejudicados. Afinal, o petista não conseguiu repetir no debate a boa performance que teve durante a sabatina do JN, dias antes.

“Com isso, o debate retira a vantagem de Lula nas discussões presidenciais após a sabatina do Jornal Nacional”, afirma o estrategista da Ajax Asset, Rafael Passos.

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Além disso, o petista se esquivou de perguntas sobre temas sensíveis, como a corrupção na Petrobras, ao contrário do que havia feito na sabatina do JN. Ao mesmo tempo, ele demorou para entrar no debate e não buscou o embate com os rivais.

“Lula saiu como um dos derrotados neste primeiro encontro – deixando para trás a suposta vantagem que havia conquistado no bom desempenho durante a sabatina na semana anterior”, avalia o analista político da Levante Investimentos, Felipe Berenguer.

Contudo, Bolsonaro também não conseguiu tirar proveito. “Ele tinha a faca e o queijo na mão para se sobressair no encontro”, observa Berenguer.

No entanto, no segundo bloco o presidente cometeu erros que lhe custaram caro. “Ele escorregou grandiosamente ao bater boca com [a jornalista] Vera Magalhães e Simone Tebet, trazendo à tona uma de suas maiores fragilidades, que é o tema feminino”, emenda o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa. “Se não fosse isso, poderia ser uma nota maior”, emenda.

Assim, a principal dúvida é saber se o desempenho dos candidatos na TV irá melhorar ou piorar sua avaliação frente aos eleitores. Faltando menos de 35 dias para o primeiro turno das eleições, a campanha esquenta na reta final e essa questão só poderá ser respondida pelas próximas pesquisas. A conferir.

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