De vilã a mocinha: carne bovina dá trégua para bolso do consumidor
A carne bovina voltou a entrar na lista de compras dos brasileiros depois da disparada em meados da pandemia. No mês de julho, o produto registrou queda no preço, com destaque para o filé mignon e a fraldinha.
De acordo com o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), dos 15 cortes monitorados nos supermercados, dez registraram queda no preço.
O acumulado do ano soma alta de 4,71%, mas já são dois meses de queda: -0,56% em julho e -1,38% em junho. O maior recuo no mês foi o da fraldinha, com 3,32%. Já no acumulado de 2022, o campeão de deflação é o filé mignon, que está 12,06% mais barato.
Veja os cortes que mais caíram no mês:
Corte | Variação em julho |
Fraldinha | -3,32% |
Picanha | -3% |
Lagarto | -2,82% |
Músculo | -1,93% |
Braço | -1,60% |
Acém | -1,35% |
Coxão duro | -1,16% |
Alcatra | -0,39% |
Patinho | -0,12% |
Contrafilé | 0,16% |
Coxão mole | 0,35% |
Costela bovina | 0,37% |
Filé mignon | 0,47% |
Fígado | 4,07% |
Diego Pereira, economista-chefe da APAS, afirma que essa queda no preço dos cortes bovinos é reflexo do ajuste de acomodação de oferta e procura, uma vez que o preço das carnes no final de 2021 resultou na alteração no comportamento do consumidor, que migrou do consumo de bovinos para suíno.
“O consumo de bovino caiu 9% no primeiro semestre de 2022 quando comparado a 2021 e o suíno obteve uma elevação de consumo em 28% no mesmo período”, destaca.
Dentre as proteínas animais, os cortes suínos permanecem como uma opção atrativa para o consumidor, com queda de 5,38% no acumulado do ano, mesmo com leve alta de 2,92% no mês de julho.
Na contramão, o preço das aves tem sido impactado pela quebra da produção norte-americana por conta da gripe aviária. A perspectiva para o segundo semestre é desafiadora, uma vez que não está descartada a possibilidade de um novo surto da doença nos Estados Unidos e na Europa. No acumulado do ano dos últimos 12 meses, esta proteína animal acumula alta de 20,27%, sendo 0,82% no mês de julho.
Laticínios
Os leites e derivados continuam sendo os vilões dos supermercados. O leite registrou altas na inflação de 21,52% em julho e de 71,66% no acumulado do ano.
O segundo semestre deve trazer estabilidade ao preço do produto e de seus derivados, já que o Brasil elevou as importações de leite em pó em 30% e reduziu as exportações em 8% nos primeiros seis meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado.
O produto ainda sofre com a diminuição das pastagens no sul do país por conta da estiagem, o que faz os pecuaristas gastarem mais com ração animal, e o peso da inflação em toda cadeia de produção, com a elevação dos custos logísticos e das matérias-primas.
Frutas e verduras
Os hortifrutigranjeiros (produtos in natura) apresentaram deflação de 4,54% em julho. A queda das verduras chegou a 9,61%. Em compensação, as frutas subiram 3,23% no mês.
Além das alterações climáticas que comprometeram as safras de diversas culturas no ano passado, o setor agrícola lida com a elevação dos preços internacionais dos fertilizantes importados.
Bebidas
As bebidas alcoólicas apontaram inflação de 0,72%. A cerveja, item de maior peso na cesta, subiu 0,60% – o aumento tem relação com reajuste do malte, produto importado que sofre pressão com a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Já as bebidas não alcoólicas tiveram elevação de 1,39%, com o item refrigerante registrando aumento de 1,57% no mês e acúmulo de 16,59% nos últimos 12 meses. Nesse caso, os custos logísticos e a cotação internacional do açúcar foram os fatores de pressão.
Produtos de limpeza
Os preços dos produtos de limpeza apresentaram inflação de 2,33% no período e de 23,60% nos últimos 12 meses. O maior peso ficou para o sabão em pó, que subiu 3,62% em julho. Os artigos de higiene e beleza registraram aumento de 1,89%, índice impactado pelo preço do sabonete, que subiu 4,40% no mês.
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