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De olho no boi: ‘Devemos ver uma normalização das exportações para China na 2ª quinzena de maio’

29 abr 2023, 8:00 - atualizado em 28 abr 2023, 15:08
Boi Gordo Gado Agropecuária
Na avaliação de analista da Safras & Mercado, a indústria conta com oferta elevada, cenário que tem pressionado os preços da carne bovina (Imagem: Unsplash/@tumbao1949)

O mercado do boi gordo no Brasil convive com um cenário de oferta elevada e queda nos preços da arroba e da carne bovina, em função do ciclo positivo do boi.

Para entender o cenário atual de oferta, demanda, preços, exportações e custos de produção no Brasil, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado e especialista em proteína animal.

Oferta, demanda e preços

De acordo com o analista, os frigoríficos estão com escalas confortáveis, com estoques elevados e há uma grande oferta de animais para entrar nas escalas de abate, além dos custos de produção (milho e soja) em queda. “Por conta do ciclo positivo do boi gordo, que deve se acentuar em maio, 2023 será um ano de oferta elevada. Vale lembrar que estamos vendo um grande descarte de matrizes também”, diz Iglesias.

Esse cenário tem pressionado os preços do boi gordo e da carne bovina no Brasil, que seguem em viés de queda, sendo essa a tendência no curto prazo. “Em São Paulo, por exemplo, a semana iniciou com negócios pela arroba na casa dos R$ 280 e estamos fechando a semana com negócios entre R$ 260-265, uma queda bem acentuada”, pondera. 

Iglesias explica que é de se esperar uma queda nos preços da carne bovina no atacado. No entanto, o recuo no varejo acontece com menor intensidade na comparação com a arroba.

Exportações para China

Durante os meses de fevereiro e março, o Brasil teve suas exportações de carne bovina impactadas por um mês, após o embargo da carne bovina com destino à China devido a um caso atípico de mal da vaca louca em território nacional.

Na visão do analista, a partir da segunda quinzena de maio, devemos ver uma normalização dos embarques da proteína com destino ao país asiático.

“Nesta quinta, foi anunciada a liberação dos estoques de carne bovina do Brasil antes do mal da vaca louca. Estimava-se que cerca de 300 mil toneladas estavam com dificuldades de entrar no país, e foram aceitas 230 mil toneladas. Dessa forma, sobraram 70 mil toneladas que precisam encontrar um novo destino, talvez seja para o mercado interno, mas esse é outro fator que coloca mais pressão sobre os preços”, avalia Iglesias.