De olho no boi: Mercado vive ‘fim de festa’; o que esperar em novembro e dezembro?
Os preços do boi gordo enfrentaram um movimento de forte queda ao longo de 2023, com um ciclo pecuário favorável no Brasil.
No entanto, apesar dos preços subirem quase 18% em setembro, na parcial de outubro, o indicador do Cepea para a arroba aponta alta de apenas 1,95% até o dia 26.
Com isso, o Money Times ouviu alguns especialistas sobre o momento para o mercado da carne bovina, que você confere aqui no “De olho no boi”.
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Arroba do boi gordo
De acordo com Felipe Fabbri, analista de proteína animal na Scot Consultoria, o mercado do boi parece ter encontrado um ponto de equilíbrio, pelo menos em São Paulo.
“Os valores no estado ficaram entre R$ 230 – R$ 240 por arroba, considerando o boi comum e o “boi China”. A oferta segue ‘confortável’ pra demanda vigente, o que não tem permitido espaço para que a pressão de baixa que a indústria tem tentado impor chegue a ser efetiva”, explica.
Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) | 26/10/2023 | 19/10/2023 | Variação (%) |
---|---|---|---|
SP – Barretos | R$ 230,00 | R$ 235,00 | -2,13 |
MS – Dourados | R$ 230,00 | R$ 235,00 | -2,13 |
São Paulo | R$ 230,00 | R$ 240,00 | -4,17 |
Goias – Goiania | R$ 235,00 | R$ 240,00 | -2,08 |
Para Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, há uma laterização dos preços no mercado físico e B3.
“A sensação é de um final de festa, porque parece que não há muitas novidades para acontecer neste ano, com o mercado se acomodando nessa faixa de preços. Os frigoríficos até conseguem fazer escalas, mas sem grande pressão sobre o mercado, porque estamos em um momento de auge de oferta no mercado interno”, analisa.
Atacado
No mercado atacadista de carne, após semanas de altas consecutivas, os preços caíram para proteína com e sem osso, segundo levantamento da Scot.
Preços da carne bovina no atacado – Safras & Mercado | 26/10/2023 | 19/10/2023 | Variação (%) |
---|---|---|---|
Traseiro | R$ 17,75 | R$ 18,25 | -2,74 |
Dianteiro | R$ 13,70 | R$ 14,00 | -2,14 |
“O comportamento se sustenta neste momento do mês (segunda quinzena) principalmente, o que tirou o ímpeto de compra do mercado varejista para reposição de estoques e, diferente do atacado, registrou alta nos preços em todos os estados monitorados (SP, MG, RJ e PR). Acreditamos que a alta está ligada à perspectiva de uma melhora da demanda na próxima semana, com a virada de mês e recebimento de salários”, comenta Fabbri.
Exportações
No mercado externo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou em outubro um relatório sobre o mercado global de carne bovina, com perspectivas positivas para o mercado brasileiro em 2024.
O Brasil deve registrar uma queda de 5,1% nas suas exportações, com crescimento de 3,6% em 2024, na comparação anual.
“Como estamos praticamente no fim de outubro, a estimativa para este ano é mais uma constatação do que uma projeção, em linha com os dados de embarques que temos até o momento. Cabe lembrar que este recuo será frente ao maior volume já embarcado, em 2022 – ou seja, não é um ano ruim em termos de volumes, mas sim em preços (US$/t)”, pondera Fabbri.
Para 2024, a expectativa é de acréscimo para 2,85 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec.) embarcadas, apenas 1,7% abaixo do maior volume já observado, de 2022.
“No mesmo relatório, as projeções apontam para importações chinesas de carne bovina recuando 2,8% em 2024, após aumento, também de 2,8% em 2023. Com isso, a projeção para o próximo ano é de continuidade do patamar observado nos últimos anos. Ou seja, o mercado local deve seguir demandando bons volumes – bom para o Brasil.
O que esperar do boi gordo em novembro e dezembro?
Segundo Fabbri, o que se desenha no curto prazo (até o fim de 2023) fica por conta de preços estáveis no mercado do boi.
“Há fatores de alta e baixa que poderão intervir nessa projeção, mas no momento, acreditamos em estabilidade. Como fatores de alta, há a questão da oferta de boiadas, que deverá ser menor em novembro, ou ao menos no atual patamar que temos acompanhado chegando ao mercado. Houve um desestímulo muito forte na intenção de confinamento entre julho e agosto, que deverá pesar”, analisa.
Do lado do consumo, há expectativa para um aumento até dezembro, o que pode resultar em preços mais altos para carne.
“Outro ponto importante é a exportação, que vem com bom desempenho em termos de volumes, mas já encontrou o seu ponto de referência em termos de preços: US$ 5 mil/t. Por outro lado, se o dólar operar acima de R$ 5, há espaço de melhora na margem operacional e, caso a oferta esteja apertada, altas nos preços”, finaliza.