De olho no boi: Dólar surge como esperança enquanto China compra muito e paga pouco
Os preços do boi gordo confirmaram um movimento de alta no Brasil, após longos meses marcados por uma queda nos valores da arroba no Brasil.
Em setembro, a cotação do boi em São Paulo saltou 17,9%, passando de R$ 195 para R$ 230 por arroba.
Quando olhamos para o “boi China” (padrão do animal exigido pelo mercado chinês, a alta foi de 20%, com o preço em R$ 240 por arroba.
Preços do boi gordo em alta
Felipe Fabbri, analista de proteína na Scot Consultoria, explica que a movimentação positiva na maior parte do Brasil é influenciada por fatores como:
- Redução na oferta de animais;
- Retenção das boiadas pela ponta vendedora;
- Maior ímpeto comprador ativo;
- Maior volume de carne bovina in natura exportado e maior demanda no mercado doméstico (o que explica o encurtamento das escalas de abate).
Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) | 05/10/2023 | 28/09/2023 | Variação (%) |
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SP – Barretos | R$ 235,00 | R$ 225,00 | 4,44 |
SP – Bauru | R$ 240,00 | R$ 235,00 | 2,13 |
MG – Uberaba | R$ 230,00 | R$ 220,00 | 4,55 |
Goias – Goiania | R$ 225,00 | R$ 220,00 | 2,27 |
MT – Cuiabá | R$ 202,00 | R$ 196,00 | 3,06 |
“Historicamente, o último trimestre é marcado por demanda melhor nos mercados interno e externo. Além disso, com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e com a redução da taxa básica de juros (Selic), as perspectivas são positivas para o consumo no país”, explica.
Exportações de carne bovina para China
Em setembro de 2023, o Brasil exportou 195 mil toneladas de carne bovina in natura, representando média diária de 9,7 mil toneladas, 0,9% acima de setembro de 2022.
No entanto, o preço pago pela tonelada caiu expressivos 24,4% frente ao mesmo período do ano anterior e está em torno de US$4,5 mil/t.
Vale lembrar que esse recuo pode ser explicado pelo derretimento da economia chinesa, que responde por mais de 50% das exportações de carne bovina do país.
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Com o recuo no preço, o faturamento médio diário, caiu 23,7% na mesma comparação, chegando a US$ 44,2 milhões.
“O dólar na casa dos R$ 5 – e até acima desse patamar – também colabora no que tange a exportação nos próximos meses. Apesar do quadro, a principal ‘lacuna’ em termos de oferta deve ocorrer entre novembro e dezembro, uma vez que os mercados físico e futuro do boi gordo, no momento de entrada do gado no cocho, não proporcionavam cenário confortável ao produtor”, discorre Fabbri.
Preços no atacado e no varejo
No atacado de carne com osso e sem osso, os preços tiveram ajustes positivos pela quinta e terceira semana consecutiva, respectivamente, influenciados pelo cenário de oferta e expectativa de boa demanda no início do mês.
No comparativo semanal (fechamento em 29 de setembro), no atacado de carne com osso, as cotações da vaca e da novilha casada subiram 4,2% e 6,2%, precificadas em R$ 15/kg e R$ 15,40/kg, respectivamente.
Preços da carne bovina no atacado – Safras & Mercado | 05/10/2023 | 28/09/2023 | Variação (%) |
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Traseiro | R$ 17,90 | R$ 17,60 | 1,7 |
Dianteiro | R$ 14,10 | R$ 14,00 | 0,71 |
Para os machos, o preço da carcaça casada de bovinos castrados subiu 6,2%, negociada em R$ 15,94/kg. Para a carcaça de bovinos inteiros, aumento de 6%, precificada em R$ 15,56/kg.
No atacado de carne sem osso, a média geral dos cortes monitorados subiu 2% no comparativo semanal. A média dos cortes de traseiro aumentou 2,6%, puxada pela alcatra (8,0%), enquanto a média dos cortes de dianteiro subiu 0,6%, puxada pelo cupim (1,2%).
Varejo e perspectivas para o fim do ano
No varejo, as médias dos preços subiram 0,3% nas praças paulista e carioca e 0,5% na praça paranaense. Em Minas Gerais, a média caiu 0,3%.
“No curto prazo, devido à primeira quinzena de mês e o feriado do Dia de Nossa Senhora, os preços devem se manter firmes, e altas não estão descartadas”, pontua Fabbri.
Para Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes, o otimismo está nas alturas para esse fim de semana, com as maiores temperaturas e entrada do salário favorecendo o ânimo comprador, mesmo com preços mais firmes.
Por fim, as expectativas são de demanda firme no último trimestre do ano, o que traz um cenário positivo ao produtor, já que a oferta de animais deve seguir em queda.
Ainda assim, o dólar próximo de R$ 5 deve favorecer o preço pago pela carne exportada, enquanto a população brasileira deve estar mais capitalizada e, por consequência, consumindo mais carne bovina.