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De olho no boi: Dólar surge como esperança enquanto China compra muito e paga pouco

06 out 2023, 15:54 - atualizado em 06 out 2023, 15:54
boi gordo china
Setembro representou o melhor mês para as exportações de carne bovina do Brasil em 2023, com a China como principal destino (Foto: Lorran Lima/Idaf)

Os preços do boi gordo confirmaram um movimento de alta no Brasil, após longos meses marcados por uma queda nos valores da arroba no Brasil.

Em setembro, a cotação do boi em São Paulo saltou 17,9%, passando de R$ 195 para R$ 230 por arroba.

Quando olhamos para o “boi China” (padrão do animal exigido pelo mercado chinês, a alta foi de 20%, com o preço em R$ 240 por arroba.

Preços do boi gordo em alta

Felipe Fabbri, analista de proteína na Scot Consultoria, explica que a movimentação positiva na maior parte do Brasil é influenciada por fatores como:

  • Redução na oferta de animais;
  • Retenção das boiadas pela ponta vendedora;
  • Maior ímpeto comprador ativo;
  • Maior volume de carne bovina in natura exportado e maior demanda no mercado doméstico (o que explica o encurtamento das escalas de abate).
Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 05/10/2023 28/09/2023 Variação (%)
SP – Barretos R$ 235,00 R$ 225,00 4,44
SP – Bauru R$ 240,00 R$ 235,00 2,13
MG – Uberaba R$ 230,00 R$ 220,00 4,55
Goias – Goiania R$ 225,00 R$ 220,00 2,27
MT – Cuiabá R$ 202,00 R$ 196,00 3,06

“Historicamente, o último trimestre é marcado por demanda melhor nos mercados interno e externo. Além disso, com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e com a redução da taxa básica de juros (Selic), as perspectivas são positivas para o consumo no país”, explica.

Exportações de carne bovina para China

Em setembro de 2023, o Brasil exportou 195 mil toneladas de carne bovina in natura, representando média diária de  9,7 mil toneladas, 0,9% acima de setembro de 2022.

No entanto, o preço pago pela tonelada caiu expressivos 24,4% frente ao mesmo período do ano anterior e está em torno de US$4,5 mil/t.

Vale lembrar que esse recuo pode ser explicado pelo derretimento da economia chinesa, que responde por mais de 50% das exportações de carne bovina do país.

Com o recuo no preço, o faturamento médio diário, caiu 23,7% na mesma comparação, chegando a US$ 44,2 milhões.

“O dólar na casa dos R$ 5 – e até acima desse patamar – também colabora no que tange a exportação nos próximos meses. Apesar do quadro, a principal ‘lacuna’ em termos de oferta deve ocorrer entre novembro e dezembro, uma vez que os mercados físico e futuro do boi gordo, no momento de entrada do gado no cocho, não proporcionavam cenário confortável ao produtor”, discorre Fabbri.

Preços no atacado e no varejo

No atacado de carne com osso e sem osso, os preços tiveram ajustes positivos pela quinta e terceira semana consecutiva, respectivamente, influenciados pelo cenário de oferta e expectativa de boa demanda no início do mês.

No comparativo semanal (fechamento em 29 de setembro), no atacado de carne com osso, as cotações da vaca e da novilha casada subiram 4,2% e 6,2%, precificadas em R$ 15/kg e R$ 15,40/kg, respectivamente.

Preços da carne bovina no atacado – Safras & Mercado 05/10/2023 28/09/2023 Variação (%)
Traseiro R$ 17,90 R$ 17,60 1,7
Dianteiro R$ 14,10 R$ 14,00 0,71

Para os machos, o preço da carcaça casada de bovinos castrados subiu 6,2%, negociada em R$ 15,94/kg. Para a carcaça de bovinos inteiros, aumento de 6%, precificada em R$ 15,56/kg.

No atacado de carne sem osso, a média geral dos cortes monitorados subiu 2% no comparativo semanal. A média dos cortes de traseiro aumentou 2,6%, puxada pela alcatra (8,0%), enquanto a média dos cortes de dianteiro subiu 0,6%, puxada pelo cupim (1,2%).

Varejo e perspectivas para o fim do ano

No varejo, as médias dos preços subiram 0,3% nas praças paulista e carioca e 0,5% na praça paranaense. Em Minas Gerais, a média caiu 0,3%.

“No curto prazo, devido à primeira quinzena de mês e o feriado do Dia de Nossa Senhora, os preços devem se manter firmes, e altas não estão descartadas”, pontua Fabbri.

Para Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes, o otimismo está nas alturas para esse fim de semana, com as maiores temperaturas e entrada do salário favorecendo o ânimo comprador, mesmo com preços mais firmes.

Por fim, as expectativas são de demanda firme no último trimestre do ano, o que traz um cenário positivo ao produtor, já que a oferta de animais deve seguir em queda.

Ainda assim, o dólar próximo de R$ 5 deve favorecer o preço pago pela carne exportada, enquanto a população brasileira deve estar mais capitalizada e, por consequência, consumindo mais carne bovina.

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