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De olho no boi: Até onde vai a pressão dos frigoríficos no mercado?

01 mar 2024, 15:41 - atualizado em 01 mar 2024, 15:41
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O mercado do boi gordo segue com uma pressão de baixa por parte dos frigoríficos, que cada vez mais testam menores preços (Imagem: Divulgação/Frigorífico Verdi)

Os preços do boi gordo tombaram 3,92% no mês de fevereiro, de acordo com o indicador Cepea/B3, com o valor do animal em R$ 235,40 ontem (29).

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De acordo com Hyberville Neto, da HN Agro, o mercado do boi segue com uma pressão de baixa, com o atacado iniciando a semana de forma mais fraca e melhorando sua precificação nos últimos dias.

“Esse cenário vai de encontro com o período de início de mês, com o pagamento dos salários, com o varejo se estocando para a entrada dos salários na economia. A primeira quinzena é tipicamente de maior movimentação”, explica.

Há ainda uma oferta suficiente para que a indústria mantenha a pressão de baixa no mercado.

“Os produtores resistem a preços menores, com a retenção destes animais, o que faz com que essa pressão seja completamente efetiva, com um mercado há algumas semanas cedido, mas sem despencar”, coloca.

Para a próxima semana, Neto diz que a maré positiva do atacado pode melhorar, gerando um pouco mais de demanda para um dos frigoríficos que não contam com programações tão alongadas.

“As programações no geral não estão tão apertadas”, discorre.

Segundo Neto, os frigoríficos estão testando valores menores, o que pressiona o mercado.

“Os últimos meses foram de oferta bem elevada de fêmeas, e nós vamos acompanhando como os próximos dados vão saindo. Ao que tudo indica, devemos ter o melhor fevereiro da história para a exportação de carne bovina”, analisa.

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Quando essa pressão dos frigoríficos deve perder força?

Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, ressalta que o primeiro semestre de 2024 será um período de oferta de animais para abate.

“Sendo assim, é um período onde os preços do boi gordo tendem a cair. Para o segundo semestre, essa dinâmica deve mudar, com o mercado se firmando e um potencial para recuperação dos preços, mas não dá para esperarmos altas explosivas”, discorre.

Para ele, o pecuarista precisará de muitas estratégias para ter uma rentabilidade, seja na aquisição dos insumos, reposição e na hora de comercializar o animal.

“É preciso fazer uma gestão de risco muito bem feita para conseguir ter um bom retorno do negócio para lucrar em 2024”, finaliza.