De olho no boi: EUA deve ter o menor rebanho de gado desde 1951; os reflexos para o Brasil
O mercado do boi gordo em janeiro conviveu com preços achatados, com o indicador Esalq/B3 do animal recuando 2,89% no período, algo natural para um começo de ano.
Embora o foco seja a comercialização de animais prontos para abate nesse período de início de ano, pecuaristas não estão dispostos a aceitar preços que considerem baixos.
O destaque da semana fica por conta dos dados de rebanho dos Estados Unidos, que caíram para os menores números desde 1951, em 87,2 milhões de cabeças, de acordo com o Departamento de Agricultura do país (USDA).
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Sendo assim, ouvimos alguns especialistas sobre os impactos para o Brasil com esse menor número de animais no país.
Os impactos para o boi gordo no Brasil com o menor rebanho nos EUA
De acordo com Hyberville Neto, da HN Agro, esse cenário de queda no rebanho já era esperado, ainda que o USDA esperava um recuo com menor intensidade. O órgão também prevê uma queda de 7,6% nas exportações dos EUA em 2024, após o tombo de 15% em 2023.
Paralelamente, as importações do país devem seguir fortes, com aumento projetado em 1,7% para este ano, após 9,4% de incremento em 2023.
“Essa conjuntura de preços em alta e menor produção nos EUA colaboram com o Brasil de maneira direta e indireta. Diretamente porque vendemos carne para eles, que figuram entre nossos principais clientes. Indiretamente, porque eles também concorrem conosco no mercado internacional”, explica.
Neto destaca que importantes clientes dos EUA, como Japão e Coreia do Sul, podem facilitar a abertura de mercado do Brasil aos países, já que pelo rebanho em queda, os preços da carne estadunidense estarão mais elevados.
“Além dos EUA estarem com fornecimento limitado da proteína, eles ainda compram carne da Austrália e podem competir mais este ano.
Ou seja, sob a visão desses mercados, eles estão com um fornecedor oferecendo menos carne e comprando mais do outro grande vendedor que abastece seus mercados”, conclui.
Vale destacar que a escassez de animais prontos para abate tem afetados nos lucros da JBS (JBSS3) nos Estados Unidos, que tem maior exposição ao mercado norte-americano.