De olho no boi: Arroba perde força e vendas avançam no atacado, com pressão dos frigoríficos; China compra muito e paga pouco
Como você viu no “De olho no boi” da semana passada, os preços da arroba do boi gordo retomaram bons índices na ao longo de junho, após seis primeiros meses de oferta elevada.
Além disso, o ritmo das exportações do Brasil para a China retomou seu patamar de normalidade pouco mais de três meses após o fim do embargo para carne bovina brasileira, entre fevereiro e março.
Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias e Allan Maia, analistas na Safras & Mercado, além de Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes.
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Oferta, preços da arroba e carne bovina
De acordo com Fernando Iglesias, a arroba do boi gordo já começou a registrar um movimento de virada no ciclo de preços.
“Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados onde as escalas de abate são mais confortáveis, os frigoríficos já passaram a exercer uma pressão mais contundente na arroba. Com isso, nós temos o mercado do boi trabalhando um pouco mais pressionado em relação a preços no estado de São Paulo. Os negócios que aconteciam por R$ 265 – 260 por arroba, hoje ocorrem por R$ 255”, explica
No atacado, por outro lado, os preços avançaram.
Atacado Bovino SP – Safras & Mercado | 29/jun | 06/jul | Var. % |
---|---|---|---|
Dianteiro casado | R$ 14,00 | R$ 14,40 | 2,86 |
Traseiro casado | R$ 18,15 | R$ 18,60 | 2,48 |
Ponta de agulha | R$ 13,65 | R$ 14,25 | 4,40 |
Assim, na visão do analista, há possibilidade para a recuperação dos preços da arroba no Centro-Norte, mas para o Sudeste esse movimento é mais limitado.
“Essa limitação ocorre pela atuação dos frigoríficos, que influenciam incisivamente no comportamentos dos preços do boi gordo no mercado físico paulista, o que também resultou numa perspectiva mais baixista aos preços do boi gordo na B3”, complementa
Varejo
De acordo com Magno Cavalcante, os preços se mantiveram nos mesmos patamares que os registrados na semana passada, ainda que a tendência seja de alta para a carne.
“Por outro lado, foi uma semana forte de vendas devido ao pagamento dos salários neste início de mês. Na próxima semana, os frigoríficos parecem apontar para um aumento dos preços”, explica.
Exportações de carne bovina
No cenário das exportações, não houve grandes mudanças na semana e a China, principal cliente da carne bovina brasileira, segue comprando volumes elevados.
No entanto, o grande “problema” fica para os preços pagos pelo país asiático.
“O preço médio da carne bovina não está nos mesmos patamares que vimos no ano passado. Em 2022, chegamos a ter picos de preços a US$ 8.000 por tonelada, e agora os preços entre US$ 4500 – US$ 5000,” conclui Iglesias.