De olho no boi: Carne mais barata? Abates confirmam inversão nos preços
Como você viu no “De olho no boi” da semana passada, o mercado do animal convive com um cenário de oferta elevada desde o começo de 2023.
Além disso, o ritmo das exportações do Brasil para China começa a ganhar maior intensidade quase três meses após o fim do embargo para carne bovina brasileira, entre fevereiro e março.
Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Felipe Fabbri, analista de mercado e da cadeia de produção animal na Scot Consultoria.
Oferta e demanda
O destaque da semana fica por conta dos abates de bovinos registrados no primeiro trimestre de 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no intervalo, foram totalizados 7,34 milhões de cabeças, um avanço de 4,8% sobre o mesmo período do ano passado.
Quando analisamos apenas o abate de fêmeas, observamos um avanço expressivo de 17,9%. Segundo a Scot Consultoria, essa é a maior variação para o período desde 2005, há 18 anos.
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No intervalo, o abate de fêmeas cresceu 17,9% em relação aos três primeiros meses de 2022. Já o abate de machos retraiu 3,8% na mesma comparação. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Os dados de abate refletem o cenário que já havíamos comentado, de um aumento no descarte e fase de baixa no ciclo pecuário de preços. Os abates aumentaram de forma significativa tanto no comparativo anual (1º tri 23 x 1º tri 22), como no comparativo trimestral (1º tri 23 x 4º tri 22). A expectativa fica para que esse quadro de sobreoferta sejam refletidos nos dados do segundo trimestre, casando com a forte queda de preços que observamos”, explica Fabbri.
Preços do boi e da carne
Mas o que isso significa para o consumidor? Já estamos vendo preços mais fracos da carne no atacado?
Segundo Fabbri, o cenário já se traduz em menores preços na comparação mensal, como podemos observar na tabela abaixo.
Preços de carne bovina no atacado – Scot Consultoria | 06/06/2023 | 06/05/2023 | Variação |
---|---|---|---|
Traseiro avulso | R$ 16,25 | R$ 18,95 | -14,2% |
Dinheiro avulso | R$ 11,75 | R$ 13,60 | -13,6% |
Boi casado | R$ 15,52 | R$ 17,58 | -11,7% |
Eq. Carcaça boi | R$ 278,06 | R$ 303,82 | -8,5% |
Eq. Desossa boi | R$ 303,86 | R$ 307,68 | -1,2% |
Boi casado inteiro | R$ 13,53 | R$ 15,42 | -12,2% |
O analista ressalta ainda que em maio, a margem do equivalente desossa boi (venda da carne desossada no atacado + couro + sebo + miúdos) atingiu o melhor patamar desde 2021, quando a arroba sofreu com a ausência da China nas exportações.
“Esse é um momento interessante à indústria, considerando a comercialização de carne apenas no mercado interno. Se dividirmos essa referência pelo valor da arroba, temos uma ideia de margem das indústrias, lembrando que margem não é reflexo de lucro, porque não estamos considerando os custos operacionais da atividade”, comenta.
Exportações
Segundo o analista da Scot Consultoria, apesar do melhor ritmo de embarques no mês de maio, o setor convive com preços baixos de exportação, com destaque para a China.
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“As exportações em maio de 2023 tiveram o melhor desempenho da história para o mês, comparado a seus pares, com 168,3 mil toneladas de carne bovina in natura enviadas ao mercado externo, com um embarque diário 10,6% maior que o mesmo mês do ano passado, que até então fora recorde. O preço da tonelada exportada, porém, reportou queda de 21% no comparativo anual – ou seja, pressão às margens das indústrias exportadoras, com menor apetite para ágio ao boi China”, comenta Fabbri.