De olho em Shein, Shopee e Nordeste, Log Commercial (LOGG3) prepara terreno para futuro ambicioso
O segmento de logística passou por um momento de instabilidade entre o fim do ano passado e o começo deste ano. Parte dessa crise foi motivada por varejistas, com atrasos de pagamento de aluguel e devolução de galpões logísticos.
Contudo, passada a tempestade, empresas do setor fazem planos de crescimento. A Log Commercial (LOGG3), que afirma não ter sido afetada pela instabilidade do varejo, planeja voos altos para os próximos cinco anos.
O plano é chegar a 2 milhões de área bruta locável (ABL) até o fim de 2028.
O futuro da Log Commercial
Preparando o terreno para um futuro promissor, a empresa mineira está com 14 ativos imobiliários em obras, em quatro regiões do país.
Os galpões devem ser entregues até o fim de 2024, com unidades em São Bernardo do Campo (SP), na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), Brasília e em algumas capitais do Nordeste.
Isso representa 700 mil metros quadrados de ABL e R$ 850 milhões em investimentos. A meta da Log é chegar a 1,5 milhão de área bruta locável até dezembro do ano que vem, o que representa um avanço de 32% entre outubro de 2023 e o fim de 2024.
Em entrevista ao Money Times, o CEO da Log Commercial, Sérgio Fischer, explica que a proposta, além de entregar novos condomínios logísticos, é também melhorar a qualidade do ativo para o cliente que “já está dentro de casa”. Porém, está “mal instalado”.
Segundo ele, o plano de expansão envolve investimentos em 22 cidades. “Nós já atuamos em todas elas e conhecemos 100% a região. Então, sabemos o que podemos entregar em cada praça. Priorizamos cidades com mais de 1 milhão de habitantes”, diz.
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Shein, Shopee e milhões de ABL
De olho no crescimento de varejistas da China no país, o plano da Log é mais ambicioso, cuja meta é entregar 2 milhões de ABL até o fim de 2028. Os investimentos totais estão estimados em R$ 3,5 bilhões.
“Nesse projeto, a ideia é entregar um terço no Sudeste, um terço no Nordeste e o resto entregaremos nas demais regiões do país”, diz, sobre a divisão geográfica dos galpões.
Falando no varejo chinês, Fischer diz que, hoje, a maior exposição da Log está na Shopee. Entretanto, segundo ele, ela e a Shein são demandas adicionais.
“Estamos planejando demandas adicionais, com eles fechando grandes operações no Brasil. Eles precisam de eficiência na entrega e temos capacidade de fazer isso. Fechamos negócios com a Shopee. Com a Shein, ainda não”, conta o CEO da Log.
Apesar do varejo eletrônico não estar em tempos áureos como em 2020 e 2021, auge da pandemia de covid-19, Fischer ressalta que o “e-commerce não morreu”, principalmente, fora do Sudeste. Desta forma, a Log está “capturando essa demanda adicional” do segmento.
No entanto, por setores, a maior demanda por galpões da Log vem de alimentos e bebidas, seguido da indústria farmacêutica.
Sendo assim, no momento, o e-commerce responde por 8% da demanda dos ativos da empresa de logística. Em 2021, a demanda foi de 59%.
Venda de ativos coloca mais de R$ 1 bi no caixa
Em 2023, a Log destacou-se ao vender 11 galpões logísticos em diferentes estados brasileiros e levantar R$ 1,2 bilhão.
A reciclagem de portfólio fez parte do plano de redução de alavancagem, além do intuito de “fazer caixa” para dar sequência ao plano de expansão nos próximos anos.
“O caixa que precisávamos para 2023, nós fizemos”, explica Fischer. Portanto, o executivo afirma que a companhia não venderá mais imóveis até o fim deste ano.
“Estamos tendo discussões e devemos anunciar alguma coisa [venda] no fim do primeiro trimestre de 2024. É um processo demorado”, pondera, acrescentando que as vendas dos ativos serão “funding para os ciclos de crescimento” da companhia.
Log Commercial pode revisar dividendos
Quem poderá se dar bem com o investimento bilionário da Log é o acionista. Segundo executivos da empresa, em meio aos planos de crescimento, a política de distribuição de proventos poderá ser revisada.
“Temos um ciclo relevante de crescimento. Acredito que a gente persista com essa política durante esse tempo. No futuro, a gente sendo capaz de gerar [lucros] em nossas atividades, aí sim podemos revisar a política de dividendos“, disse Fischer.
No acumulado do ano, as ações da Log Commercial têm valorização de 34% até o fechamento desta quarta-feira (25), com um dos melhores desempenhos entre as empresas listadas no índice imobiliário (Imob) da B3.