De Acordo de Paris a restrições de investimentos chineses: A política externa de Bolsonaro
O que se pode esperar da política externa de Jair Bolsonaro? Ainda que seja um tema pouco explorado durante a campanha eleitoral, é possível, de acordo com Zilda Mendes, professora de comércio exterior e câmbio da Universidade Presbiteriana Mackenzie, traçar os desafios a ser enfrentados pelo novo governo.
Além de querer tornar o Banco Central independente – algo a ser debatido ainda neste ano por Onyx Lorenzoni -, sua declaração sobre o Acordo de Paris sofreu duras críticas, sobre a qual tentou se explicar depois.
Assinado por 195 países, inclusive o Brasil, o Acordo de Paris tem como principal objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Alimentando a possibilidade do governo brasileiro sair do acordo, Bolsonaro deu as condições que poderiam levar o país a não estar entre os 195 países envolvidos.
Bolsonaro também prometeu extraditar o italiano Cesare Battisti, condenado por assassinatos na Itália. Lula negara o pedido de extradição feito pelo governo italiano. Agora, a decisão, nas palavras de Mendes, “parece irreversível”.
Além das possíveis mudanças nas relações entre Brasil, Mercosul e Brics, está mais do que claro que a política adotada por Bolsonaro se difere completamente da que foi implantada pelo governo anterior. O candidato eleito apoia a destituição de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e pretende se afastar do país vizinho, concentrando as futuras relações em países da América Latina “livres de ditaduras”. Em relação aos imigrantes venezuelanos, Bolsonaro quer criar um campo de refugiados para recebê-los.
O futuro presidente tem a intenção de se aproximar dos Estados Unidos, Israel e Taiwan, embora não reconheça a Palestina como um país, algo que o Brasil já havia reconhecido em 2010.
Bolsonaro indica que buscará fazer restrições sobre investimentos chineses dentro do território nacional. Para ele, Para Bolsonaro, a venda de empresas brasileiras para os chineses significa “estatizar para a China”, algo semelhante a “abrir mão de nossa soberania”.
O novo plano de governo visa reduzir as alíquotas de importação e das barreiras não tarifárias, além de constituir novos acordos bilaterais. As relações comerciais com toda a América do Sul também não terão viés ideológico.
Concluindo, Mendes acredita que Bolsonaro encontrará dificuldades em criar relações com o mundo exterior. Não só pelas incertezas de níveis globais e pelas vulnerabilidades da economia de países emergentes, como também pelas críticas da imprensa internacional em relação às suas propostas conservadoras.