Paraná para safra de cana em novembro, com 60,5% de etanol; 5 usinas cessam moagem este mês
Tem usina parando nos próximos dias no Noroeste do Paraná, a última fronteira Sul da sucroenergia brasileira. Entre final de outubro e 30 de novembro, as 19 usinas que rodam no estado já devem ter fechado a moagem de 34 milhões de toneladas de cana.
Pelos informes das unidades à Alcopar, que reúne as indústrias, cinco param até final de outubro, outras 12 até 15 de novembro. As últimas duas param de receber cana na quinzena seguinte.
O que pode atrapalhar o quadro, segundo Miguel Tranin, presidente da entidade, é se as chuvas chegarem com regularidade e força, tirando as máquinas dos campos. Mas não há sinal disso por enquanto e os planos devem ser mantidos.
Desde o início da safra, em abril, o replanejamento das unidades previam esse cronograma, que sofre leve mudança. A estiagem mais longa no Paraná, que, inclusive, atrasa o plantio da soja, fez algumas unidades anteciparem.
“As cinco que pararão este mês estavam programadas para a primeira quinzena de novembro”, diz Tranin, observando que o tempo seco ajudou a colher mais cana e mais rapidamente.
Das 34 milhões de toneladas de matéria-prima, praticamente igual à safra 18/19, o etanol participará com 1,4 bilhão de litros. E muda um pouco mais a chave.
Na temporada passada, de acordo com Miguel Tranin, 59% foram para o biocombustível e 41% para açúcar. O mix agora é de 60,5% de etanol, alterando de vez o perfil paranaense, que até duas safras atrás sempre foi mais açucareiro.
“Na safra atual vamos fabricar 2,1 milhões de toneladas de açúcar, mas são de compromissos mais antigos”, informa o presidente da Alcopar, em alusão aos preços deprimidos do adoçante que se repetiram ao longo desta e da safra passada.
Quanto à paralisação das unidades paranaenses e o efeito na balança de etanol, Tranin concorda que levará todas a operarem com estoques no talo, na medida que a entressafra (janeiro/março) ganha até quase dois meses a mais. Mas o cenário será comum a todo o Centro-Sul, diante do consumo aquecido do biocombustível mantendo larga competitividade frente à gasolina.
No entanto, o também vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná acredita que haverá um regulação dos preços, ou seja, certamente haverá alguma alta no varejo (via repasse da cadeia), em equilíbrio com a oferta chegando do etanol de milho e, até, das importações do etanol dos Estados Unidos, que ganharam mais volume livre de impostos (de 600 milhões para 750 milhões/litros).