Daqui ninguém me tira: Campos Neto diz que não vai deixar Banco Central antes de 2024; entenda
O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai até dezembro de 2024 e ele pretende continuar no cargo até lá, mesmo com as pressões vindas do governo.
Em entrevista para a Globonews, ele destacou que não vai abreviar o seu tempo na autoridade monetária e que o ideal seria não fazer nenhuma modificação da meta de inflação – algo que vem sendo estudado pelo governo – uma vez que o cenário econômico ainda é de muita incerteza.
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“Mudanças na meta têm de ser feitas visando eficiência, não flexibilidade”, disse em entrevista. “Em relação à meta contínua, fizemos estudo que mostrava alguma ineficiência de meta de ano-calendário”, completou.
O Ministério da Fazenda estuda uma forma de flexibilizar o regime de metas. A ideia é que o governo adote um tempo mais longo para cumprimento do objetivo. Ou seja, deve ser substituída a regra baseada em ano-calendário.
Atualmente, as metas são definidas ano a ano, sendo que as metas de inflação para 2023, 2024 e 2025 são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente.
O modelo defendido pela equipe econômica é o de meta de inflação contínua, que basicamente tem um prazo mais longo que 12 meses. O motivo da mudança é que os efeitos da política monetária tendem a aparecer, em média, após 18 meses – e o governo que alinhar a meta com essa janela de tempo.
Inflação na visão de Campos Neto
O presidente do Banco Central aproveitou para comentar os resultados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15).
A prévia da inflação, subiu 0,51% em maio, desacelerando-se em relação à alta de 0,57% apurada em abril. O resultado veio abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,61%.
Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 acumula alta de 3,12% nos primeiros cinco meses do ano. Com isso, o indicador acumulada alta em 12 meses de +4,07%, de +4,16% no mês anterior. O resultado também ficou abaixo da mediana projetada, de +4,07%.
A inflação permanece dentro do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%, pelo segundo mês consecutivo.
“Veio melhor, surpresa grande em vestuário e núcleo melhores”, disse Campos Neto. Mas ele destacou que a desinflação tem sido mais lenta que o esperado, mas que existem fatores positivos à frente, como a alimentação no atacado que está caindo.
Sobre o arcabouço fiscal, Campos Neto voltou a dizer que não existe relação mecânica com a aprovação das novas regras de controle de gastos e o alívio na taxa Selic.