Dança das cadeiras no Banco Central: Veja quem Lula pode indicar para cargos da diretoria
Amanhã é o último dia do mandato de Bruno Serra e Paulo Souza como diretores do Banco Central e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa indicar novos candidatos em meio a uma guerra com a autoridade monetária.
Bruno é diretor de Política Monetária, enquanto Paulo está na cadeira de Fiscalização. Eles podem continuar no cargo até a nomeação dos novos membros, que ainda precisam ser sabatinados no Senado.
A expectativa é de que Lula escolhas nomes alinhados ao PT. Segundo a Folha de S. Paulo, são cotados para o cargo de Política Monetária Luiz Awazu Pereira da Silva e Tony Volpon, ex-diretores do Banco Central na gestão Dilma Rousseff.
Já no caso do cargo de diretor de Fiscalização, o nome pode ser um de carreira da autoridade, mas não é descartada a recondução de Paulo para o cargo.
“Ele [Paulo Souza] queria sair por motivos de saúde, melhorou e me disse que não quer mais sair. É um ótimo caso de recondução, mas de novo, a prerrogativa é do governo”, disse o presidente Roberto Campos Neto em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Também chegaram a ser cotados Harold Paquete Espínola Filho, chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias; Belline Santana, chefe do Departamento de Supervisão Bancária; e Sandro Mazerino Sobral, líder de mercados do Santander.
Assunto para um segundo momento
Apesar do fim dos mandatos, os nomes podem não sair essa semana. Isso porque Lula está focado na reoneração do PIS e Cofins para a gasolina e o etanol. O imposto volta a valer a partir do dia 1º de março e a ala política tenta encontrar uma forma de impedir o aumento nos preços dos combustíveis.
Além disso, a relação conturbada com o presidente do Banco Central pode ser uma pedra no sapato do governo – principalmente para Fernando Haddad. O ministro da Fazenda tem se aproximado de Campos Neto e ambos chegaram a abrir um espaço em suas agendas durante o encontro do G20 para almoçarem juntos.
Haddad pode ser um aliado de Campos Neto na defesa por nomes técnicos, mas também pode somar mais uma derrota em sua lista de impasses com Lula.
“Integrantes do governo reforçaram que Campos Neto teria perdido a capacidade de influenciar os novos nomes em meio aos ataques recentes. Vale notar: membros do Governo acreditam que a decisão sobre o novo integrante da instituição pode ser adiada. Isto, porque Haddad tem como prioridade resolver o impasse envolvendo os combustíveis”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Capital.
Lula x Banco Central
Nas últimas semanas, Lula declarou guerra ao Banco Central. Em entrevistas e discursos, o presidente criticou a política monetária adotada de manter a Selic em 13,75% ao ano, maior patamar desde janeiro de 2017.
Lula também apontou desaprovar a autonomia do Banco Central e Campos Neto. As críticas geraram um caos em relação às metas de inflação, definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Segundo ele, a meta de 3,25% é muito baixa, dificultando que a inflação fique dentro do teto. Como consequência, a taxa básica de juros permanece elevada por mais tempo.