Dados históricos apontam rali das bolsas após decisão do Fed
Para investidores de renda variável desanimados, o esperado aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve nesta quarta-feira pode, na verdade, trazer certo alívio.
Os mercados acionários americanos sentiram a pressão antes da reunião do Fed: nos últimos seis dias, os índices S&P 500 e Nasdaq 100 acumulam perdas de 6,2% e 7%, respectivamente, sob o risco de que Jerome Powell aplique uma dose ainda mais amarga de juros para segurar a inflação acelerada.
No entanto, se a história servir de guia, os mercados podem dar um salto assim que a reunião estiver concluída.
Nos últimos 18 meses, o índice S&P 500 subiu após oito das dez decisões do Fed. Nos dias que se seguiram às reuniões do banco central americano em janeiro, março e junho, as bolsas avançaram entre 6% e 9%, tendo registrado fortes baixas no período que antecedeu a decisão.
“As expectativas são muito ‘hawkish’, e o Fed pode agir exatamente como esperado e ainda ser mais ‘dovish’ do que o esperado”, disse Brad McMillan, diretor de investimentos da Commonwealth Financial Network, em comentários por e-mail. “Isso provavelmente limita as baixas do mercado a partir desta reunião e pode trazer algum ganho daqui para frente.”
Esta quarta-feira pode marcar a quinta alta seguida dos juros pelo Fed neste ano, o que elevaria a taxa básica para 3,25%. Esse aperto colocou os rendimentos dos Treasuries de 10 anos acima de 3,5%, o maior nível desde 2011, e levou muitos investidores a venderem ações.
Mas o posicionamento baixista extremo também pode funcionar como apoio para as ações. As posições “underweight” em ações entre gestores de fundos estão em patamar recorde, enquanto os níveis de caixa mostram o maior volume já registrado, de acordo com a pesquisa mensal mais recente do Bank of America.
Outro indicador – os futuros líquidos não comerciais do S&P 500 da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) – também mostra uma visão extremamente negativa, tendo atingido níveis vistos pela última vez durante as retrações econômicas de 2008, 2011, 2015 e 2020. Essa perspectiva pessimista frequentemente indica o contrário, sinalizando uma recuperação.
“Ganhos robustos, baixo posicionamento dos investidores e expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas devem mitigar qualquer baixa dos ativos de risco daqui em diante”, disseram estrategistas do JPMorgan Chase liderados por Marko Kolanovic, em nota na segunda-feira.
Além disso, dados técnicos de mercado talvez sinalizem que um piso está próximo, especialmente em ações de tecnologia. O Nasdaq 100, com peso do setor tech, mostra baixa de 27% este ano, e cerca de 16% de seus componentes atualmente são negociados um pouco acima da média móvel de 200 dias.
A análise mostra que esse tipo de amplitude técnica deprimida coincidiu com pisos anteriores do mercado, com exceção de 2008.
Nem todo mundo está confiante de que um rali é iminente. Os valuations das ações dos EUA permanecem elevados em comparação com dados históricos e com crises econômicas anteriores. Isso deixa investidores cautelosos em elevar a exposição enquanto o Fed continua a aumentar os juros.
“Esperamos um forte aperto da política monetária que causa recessões”, disse Wei Li, estrategista-chefe global de investimentos da BlackRock, em nota na segunda-feira. Ela tem uma posição tática underweight em ações, porque “os riscos de recessão ainda não foram levados em consideração”.
De acordo com Yoshitaka Suda, analista quantitativo do Nomura, a dinâmica de oferta e demanda entre investidores especulativos posiciona os índices acionários dos EUA para um momento mais fraco. Fundos macro começaram a acumular posições vendidas logo após os últimos dados de inflação dos EUA. Fundos macro “ficarão no lado vendido das ações dos EUA pelo menos até a divulgação dos dados de emprego” em 7 de outubro, disse Suda em nota.
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