Ibovespa Dados do mercado cripto serão gratuitos por muito tempo; entenda por quê
Dados de mercado são a alma de Wall Street.
Qualquer sabichão sobre estruturas de mercado pode te dizer que o assunto “dados de mercado” é uma questão que sempre divide opiniões entre empresas de serviços financeiros (apesar da chatice envolvida nessa conversa).
De um lado, existem os corretores, que querem pagar menos para obter acesso a dados próprios de uma corretora. Do outro, existem corretoras, que têm uma infinidade de dados de mercado e, por serem os centros da atividade de negociação, esperam cobrar dinheiro em troca de acesso.
Assim, dados do mercado de ações são restritos de uma forma bem diferente aos dados do mercado cripto. Corretoras cripto disponibilizam grande parte dos dados (volumes, lances ou ofertas) enquanto corretoras de ações cobram por esses dados.
Para o acesso de alta frequência desses dados, cobram ainda mais. Isso levanta a questão: corretoras cripto vão seguir o caminho das corretoras de ações?
Recentemente, essa questão ficou evidente quando uma conta anônima de cripto foi ao Twitter reclamar que a corretora FTX havia limitado os dados de posições abertas e de liquidação para seus produtos de contratos futuros:
Existe uma tendência perigosa nas duas principais corretoras, Binance e FTX, que estão restringindo o acesso às informações.
Primeiro, a Binance restringe bastante as posições abertas e, agora, os dados de liquidação. Agora, a FTX também está restringindo os dados de liquidação. Tenho certeza que suas mesas internas não se preocupam com isso.
Isso não era verdade, segundo o prodígio do mercado cripto Sam Bankman-Fried (ou “SBF”), CEO da FTX. Sinceramente, existe um bom motivo para isso não ser verdade, o que também explica por que dados de mercado ainda estão disponíveis e são gratuitos no “faroeste” que é o mercado cripto.
pretty sure we didn't just change anything
what are you referring to?
— SBF (@SBF_Alameda) July 12, 2021
No setor cripto, corretoras como FTX, Coinbase (COIN) e Binance possuem diversas formas de ganhar dinheiro além do fornecimento de dados enquanto corretoras de ações, como Nasdaq e a Bolsa de Nova York (NYSE), obtêm uma pequena fração monetária por combinar negociações de ações.
Como consequência, corretoras cripto, como a Coinbase, lucram mais de 90% com a negociação enquanto corretoras de ações, como a Intercontinental Exchange (ICE), geram uma receita de mais de 50% fornecendo dados.
Além disso, os negócios de uma corretora cripto são bem mais amplos em comparação às suas contrapartes do mercado acionário.
Em entrevista por telefone ao The Block, SBF explicou:
Temos a GUI [interface gráfica de usuário], a custódia, a compensação, o nome conhecido e o negócio voltado para o varejo. Então, no fim do dia, o nosso lucro de receita por meio de taxas é bem maior do que o de corretoras de ações que só estão no ramo de combinar vendedores com compradores.
Estamos fazendo bem mais do que disponibilizar gratuitamente os dados do que faríamos ao aumentar nossa receita com dados.
Ele acrescentou que um aumento de 10% no custo por dados resultaria em um prejuízo para os clientes, gerando uma taxa extra. É claro que a FTX não é a única corretora no mercado cripto que possui um modelo de negócios parecido: Coinbase, Gemini e Kraken são bem parecidas nesse aspecto.
Então quando as corretoras vão começar a cobrar pelo acesso a dados do mercado cripto? Isso provavelmente acontecerá em algum momento mas, antes disso, a competição precisa reduzir.
Até o mercado cripto ser dominado por menos corretoras, assim como no ambiente das ações, isso não vai acontecer.
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